Blog do Ronaldo

quinta-feira, dezembro 31, 2009

2010. Somos nós que construímos

Hoje é 31 de dezembro. Último dia de 2009. Vamos aqui evitar os clichês... Deixar de lado argumentos do tipo “este ano passou rápido demais”. Vamos pensar no que significa este momento... Refletir no que pode representar o início de um novo ano.

A primeira coisa que acho interessante pensar é que 2010 será apenas a continuidade de 2009, que foi a sequência de 2008, 2007, 2006... E assim por diante. O fato de encerrarmos um ano e iniciarmos outro só significa mudança se ela acontecer dentro de nós.

Hoje é quinta-feira. Amanhã é sexta. Hoje ainda é 2009. Amanhã será 2010. O que terá mudado? Apenas um dia no calendário. A diferença quem faz somos nós.

A passagem de ano é simbólica. Podemos tornar especiais os próximos dias do ano novo ou simplesmente repetir tudo que fizemos em 2009. A escolha é nossa.

Quando o relógio der meia-noite e os fogos explodirem no ar, poderemos viver mais do mesmo ou escrever uma nova história. O que faremos?

Se nossa atitude em relação a 2010 for positiva, poderemos construir um ano marcante, transformador – para nós e para as pessoas que nos cercam. Não é o ano que nos presenteia com coisas boas. Somos nós os responsáveis por fazer de 2010 um ano espetacular. Esperar que 2010 nos traga vitórias, abrindo mão de lutar por elas, é abdicar da oportunidade que nos é dada de experimentar a vida plenamente.

Então, decida hoje tornar significativa a virada do calendário. Dê a chance desse sentimento simbólico de mudança se concretizar em sua vida. Faça as melhores escolhas. Busque amar, amar intensamente, todos os dias... Sem preconceitos e sem fazer distinção de raça, cor, gênero ou personalidade. Ame, revele em palavras e reafirme em ações esse sentimento. Você vai notar que, quando o amor é verdadeiro, tudo fica mais fácil, o mundo parece mais colorido e nossos dias se tornam únicos. 

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quarta-feira, dezembro 30, 2009

Imagem

Não sou narcisista, mas me preocupo com a imagem. Coisas simples, como manter a barba sempre feita. Talvez por isto, há algum tempo, minha filha insiste em me ver com a barba por fazer. Na semana passada resolvi atendê-la. O resultado não agrada, mas acho que já satisfez a curiosidade da pequena. Satisfez tanto que já disse: "corte a barba, papai. Você está ficando feio" (como se já não fosse por natureza). 

Mas o curioso mesmo é a reação dos amigos, colegas de trabalho. O pessoal se acostuma com uma imagem... Quando mudamos, causa estranheza. Impossível passar despercebido. Já ouvi comentários de todo tipo. Mas, pelo que escutei até o momento, o visual "descuidado" não é o que mais agrada. 

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quinta-feira, dezembro 24, 2009

Chegou o Natal... Por que tão rápido?

Hoje é véspera de Natal. Dia 24 de Dezembro. É... Chegou o Natal. Este ano havia prometido que não comentaria coisas do tipo... "Já é novembro... dezembro... O fim do ano está chegando". Ou, "como o ano passou rápido?!". Desde o mês passado, tenho ouvido e lido comentários desse tipo. Todos expressando de alguma forma a impressão de que o tempo passou rápido demais. 

Eu concordo. Sinto a mesma coisa. 

Quando prometi a mim mesmo que evitaria pensar na chegada do Natal, nas festas de fim de ano, meu objetivo era tentar aproveitar cada dia que ainda restava de 2009. Sem me preocupar com o fato de que o ano estava indo embora. 

Ainda não sei se obtive sucesso. Mas confesso que só ontem me dei conta de que o Natal havia mesmo chegado. Foi quando ouvi as primeiras felicitações pela data... Também foi ontem que desejei um "feliz Natal" a alguns amigos - em especial àqueles que só verei na próxima semana ou no ano que vem. 

Na verdade, essa impressão de que o ano passou rápido demais, que 2010 chegou antes mesmo que pudéssemos nos dar conta de estávamos em 2009, é algo muito nosso. Reflexo de nossos hábitos, de nossa maneira de lidar com o tempo. 

A vida apressada é responsável pela abreviação do tempo. Abdicamos de viver. Gastamos nossos dias correndo atrás do vento. Ou, de forma mais objetiva, diria: gastamos nossos dias olhando para o futuro, ignorando o presente. Construímos o amanhã. Esquecemos o hoje. E, quando o amanhã chega, não o aproveitamos. Preferimos mais uma vez olhar para os dias que ainda não temos. Por isso, quando nos damos conta, o tempo passou e nada fizemos. 

Pensava nisto hoje pela manhã... E enquanto pensava recordava de uma breve conversa que tive com uma amiga, ontem à noite. Ela acompanhava o marido a uma partida de futebol. Não, não gosto de partidas de futebol. Mas o futebol dele e dos amigos é uma forma de escapar da rotina, de experimentar a vida de maneira menos responsável e mais prazerosa. Falar alto, rir à toa. Talvez, para minha amiga, seja um tempo descartável ficar ali ao lado do gramado... Desses que jogamos no lixo, aguardando apenas a próxima experiência. Porém, alguns conseguem tornar significativos esses momentos... E eles precisam ser vivenciados. 

São coisas simples, os pequenos prazeres, que nos fazem celebrar a vida. Qual o tempo que dedicamos as coisas que nos satisfazem? O que temos feito com as pessoas que amamos? Qual o tempo que você tem investido para amar a pessoa pelo qual é apaixonado? Ou terá gasto seus dias em bobagens descartáveis que não deixarão nenhuma lembrança boa guardada no coração? 

A impressão de que o tempo está passando rápido demais está diretamente ligada ao fato de nossos dias serem vazios. Quando os preenchemos com experiências prazerosas - e não nos consumimos apenas com a cansativa rotina do trabalho, dos estudos e de outras atividades obrigatórias - conseguimos fazer o relógio andar mais lento, teremos o que contar e não chegaremos ao final do ano com a impressão de que nada fizemos. 

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segunda-feira, dezembro 21, 2009

Na segunda, uma música

Emerson Pinheiro é um grande compositor. Também um maestro maravilhoso. Isto torna o trabalho da mulher dele, Fernanda Brum, muito mais expressivo. Fernanda, além de uma voz incrível, tem feito discos surpreendentes. Muito disso, por causa do Emerson.

No ano passado, ele gravou um trabalho solo. E a música título é daquelas de tirar o fôlego. Fala ao coração e revela por que Cristo compreende nossa dor. Ouça e medite.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

É muita responsabilidade

Por conta do texto "Bancas, emoção e formação para a vida", recebi vários emails. Principalmente de meus alunos. Todos foram comoventes. Mexeram com meu coração. A minha futura orientanda Bianca Oliveira escreveu algo que me fez sentir o tamanho da responsabilidade que tenho junto aos alunos. Confesso que deu um certo medo... Compartilho aqui: 

O que percebemos é que vc professor é tudo em um! Não é apenas um professor. É um amigo, um conselheiro, um orientador, uma pessoa que podemos confiar e confindenciar! Te admiramos mto! Esses dias me fizeram uma pergunta: 
Bia, o Nezo não trabalha no sábado né?
- Não, não trabalha, e na sexta à noite tbm não!
- E que horas ele faz as coisas? Domingo? Não dá tempo! E outra, ele que organiza as bancas não é?
- (Risos) Ele é power, e muito mais que isso, é amigo de Deus! 
 
TESTEMUNHO! É isso que vc é naquela faculdade. Por isso é respeitado e considerado um professor e educador de sucesso!
Parabéns. Que Deus continue te abençoando!
Espero trazer alegrias pra vc o ano que vem tbm!!!

O que mais posso dizer? Apenas silenciar-se e pedir a ajuda dEle para corresponder tamanha expectativa. 

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quinta-feira, dezembro 17, 2009

Bancas, emoção e formação para a vida

Vivi momentos especiais ontem à noite. Participei das duas últimas bancas de avaliação deste ano. Em ambos os casos, pude notar o crescimento das alunas ao longo do curso. Acompanhei a Polyana e a Maika desde a primeira semana de aulas, quatro anos atrás. Não foi diferente com a turma dela. Vi o desenvolvimento de muitos deles e, quando encerrou a última banca, senti um nó na garganta. Acabava ali um ciclo. Foi a primeira turma que acompanhei ao longo dos quatro anos. Vi "nascer", desenvolver-se e concluir a graduação. 

Quando iniciei minhas considerações em ambas as bancas, expressei um pouco do que sentia em relação a história delas e dos colegas durante o curso. Vi lágrimas em seus olhos. Emoção. Com a Maika, conversei um pouco mais. Vendo-a, lembrava de muito do que experimentei nesses anos na academia. Com a turma dela, comecei definitivamente a construção de uma carreira na educação superior. Nenhuma atividade anterior havia sido tão significativa... Por isso, esses alunos se tornaram tão especiais na formação do que sou hoje para o nosso curso. Se hoje tenho o respeito de todas as turmas, posso dizer que eles contribuíram na definição do meu perfil e caráter como educador. 

Mas a emoção foi ainda maior... Ao meu lado, estava um orientador e um colega jornalista, ambos meus ex-alunos. O Anderson e o Rafael passaram rápido pela minha vida na academia. Mas foram significativos justamente por confirmarem que tinha feito a escolha certa na minha proposta de ensino e relação aluno-professor. Assumi a turma deles como professor substituto. Seis meses apenas. E num momento em que a turma estava desmotivada. Quando encerramos o ciclo, após os elogios, ganhei de presente ser "nome de turma". 

Então, tudo isto se misturou nas minhas considerações... Talvez para alguns, sensibilidade demais para um momento tão formal. Mas não creio que precisa ser apenas normas, cobrança por conteúdos. Elas estavam ali, listadas e esgotadas na continuidade de minha exposição, porém não poderiam silenciar o que representava aquele momento. 

Hoje, compartilho estas emoções, porque fazem parte da minha história e relação com a educação. Nem sempre temos o privilégio de expressar o que certas coisas significam para nós. Mas a academia é para mim mais que um ato formal de oferecer conteúdos. É o espaço para experiências novas, ousadas e de formação de sujeitos, não apenas de técnicos para atuarem no mercado de trabalho. A seriedade na apresentação das teorias, as aulas densas, provocativas, o rigor na cobrança dos trabalhos, a tensão e profundidade das avaliações se aliam ao desejo de que a faculdade seja, de fato, um espaço para um experiência superior. 

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terça-feira, dezembro 15, 2009

Não há solução perfeita. Ouça

Gravei o texto "Não há solução perfeita". Transformei em arquivo de audio e é possível ouvir o ensaio que foi apresentado na Rede Novo. Creio que vale a pena ouvir. Dá até pra fazer download


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segunda-feira, dezembro 14, 2009

Não há solução perfeita

Algumas entrevistas são surpreendentes. Senti-me assim ao conversar com um psiquiatra. Primeiro, porque a gente sempre projeta imagens de acordo com nossas experiências anteriores. Talvez tenha uma visão estereotipada desses profissionais. É provável. Mas, tenho comigo que, psiquiatras geralmente fazem parte de um grupo seleto da medicina que tem um olhar para a mente humana sob uma perspectiva muito mais de cura por meio de medicamentos que movido pela crença de que o ser humano se constrói e reconstrói por suas atitudes e escolhas, dentro do contexto em que está inserido. 

O segundo motivo de minha surpresa está relacionado à direção que tomou nosso diálogo. Falávamos sobre qualidade de vida. Numa tentativa de responder ao desejo coletivo de iniciar o novo ano feliz, com paz de espírito, livre das mágoas, entendi que a ciência pode ter um viés de autoajuda. O psiquiatra foi taxativa: a vida pode ser mais simples ou mais difícil, dependendo da escolha de cada indivíduo. A maneira como olhamos os desafios que temos vai determinar nossas ações e, principalmente, nosso estado de espírito. Ou seja, a angústia e o sofrimento podem ser menores ou maiores. A decisão é nossa. 

Parece racional demais. Afinal, como já escrevi noutras ocasiões, a razão parece não comandar o coração. Entretanto, podemos conversar com nossos sentimentos. Esse diálogo interior ajuda a reorganizar os sentimentos. 

Há coisas que acontecem conosco que não procuramos entender. Não questionamos o por quê. Acontece que, sem procurar resposta para as dores da alma, abrimos mão de viver melhor. 

Às vezes nos pegamos tristes. Pode ser por causa de um relacionamento mal resolvido, de uma amizade desfeita, uma desavença com um professor... Ficamos recordando tudo que houve ou ainda existe de ruim, alimentando a dor interior. Sofremos durante dias - alguns, até por anos - por algo que poderia ser trabalhado, sublimado. 

Mas como? 

Em qualquer dessas situações, a primeira pergunta a responder é: "por que estou triste?". Se o problema for identificado, a segunda pergunta é: "posso resolver?". Se posso, "de que maneira?". 

Temos condições plenas de avaliar perdas e ganhos diante de qualquer situação. Se o caso for de um relacionamento, é preciso concluir: "vale a pena mantê-lo como está?", "devo romper?", ou ainda "invisto na reconstrução?". Afinal, quais as consequências? Que consequências posso assumir? O que eu consigo fazer? Que escolha vai me deixar mais feliz? 

Entretanto, precisamos compreender que a solução perfeita não existe. Nenhuma opção é livre de consequências. Todas terão graus variados de perdas e ganhos. Por isso, conformar-se é uma capacidade que deve ser desenvolvida. 

Para alcançar novos sonhos, talvez alguns antigos terão de ser abandonados. Ninguém vive feliz se não compreender esse princípio da vida. O mundo nunca será perfeito. E nem a vida, cor-de-rosa. 

Por fim, os erros de ontem nos servem de aprendizado. Não podem ser lembrados para alimentar a culpa. Ninguém volta atrás. Insistir na culpa é investir no passado e ignorar o futuro. Só reconhecemos que certas escolhas foram desastrosas porque as experimentamos. Do contrário, poderíamos nos arrepender por não tê-las vivido. 

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Na segunda, uma música

A retórica tem sido repetitiva... Mas canções precisam falar ao coração. Devem significar mais que um som, um ritmo para embalar nossa vida. A música deve dizer aquilo que sentimos... Ou acalmar nosso coração falando coisas que carecemos ouvir. Na combinação música e poesia, encontramos a resposta para sentimentos que por vezes parecem nos controlar.

Talvez por isto começo procuro uma canção a cada início de dia. Hoje, buscava algo que calasse a ausência, o vazio e alimentasse a alma. Encontrei em "How you live", das meninas do Point of Grace, talvez mais do que imaginava ouvir... Veja a letra, reflita, depois ouça a canção.

"Como você vive"

Acorde à luz do sol com suas janelas abertas

Não acumule sua raiva, e não deixe de falar as coisas

Use seu vestido vermelho, use sua melhor louça

faça bagunça e faça muitos desejos

e tenha o que você queira, mas queira o que você tem

e não desperdice sua vida olhando para trás

 

Aumente a música

aumente até o máximo

corra alguns riscos

solte tudo pra fora

pois você não vai se arrepender

olhando de onde você esteve

porque não é quem você conheceu

e não é o que você fez

é como você vive

 

Então vá aos jogos de bola e vá ao balé

vá ver seus parentes mais do que no final do ano

beije seus filhos, dance com sua mulher

diga ao seu marido que o ama todas as noites

não fuja da verdade, pois você não pode escapar

apenas a enfrente e você vai ficar bem

 

Onde quer que você esteja, onde quer que já esteve

agora é a hora de começar

 

Então dê aos necessitados e ore pelos que sofrem

mesmo quando você não acha que pode

porque tudo o que você faz vai voltar até você

então pense no seu próximo

esteja em paz com Deus, esteja em paz consigo mesmo

porque no final, não há mais ninguém

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Veja aqui o clipe original.

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sexta-feira, dezembro 11, 2009

Sentimento bom

Tem coisas que valem a pena. Quem acompanha minha rotina mais de perto, sabe do quanto sou apaixonado pela educação. Estar em sala, dar aulas, orientar, conversar com alunos, conviver com eles, ajudá-los - mesmo nas coisas mais pessoais - significa muito pra mim. Por isso, quando ouço os comentários a respeito da contribuição que tenho dado à formação deles, fico muito orgulhoso. Um orgulho bom, é preciso dizer.

Esta semana, por exemplo, foi especial. Além de ouvir muita coisa boa, tive a chance de ver meus orientandos concluírem de maneira excepcional o trabalho monográfico. O Fábio Castaldelli e o Murilo Battisti foram alvo de elogios dos colegas avaliadores, a pesquisa deles foi apreciada e, por fim, conquistaram nota de excelência. Impossível não ficar feliz por eles. Impossível não se sentir participante dessa vitória. O sentimento é de "missão cumprida".

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Participar da vida ou vê-la passar?

Às vezes, uma ligação, um email, é suficiente para nos trazer recordações. Dias atrás comentei aqui a respeito de reflexões produzidas a partir de uma música. É mesmo assim... Coisas simples podem provocar nossa memória. Basta haver disposição para sentir.

Ontem, ao abrir a caixa de mensagens, encontrei um email que me deixou chocado. O conteúdo não precisa ser compartilhado. Mas os sentimentos gerados merecem ser “confidenciados”.

A pessoa que me escreveu é alguém especial. Vivemos uma amizade maravilhosa, bons momentos, lembranças que guardo no coração. Quando li, muitas dessas recordações vieram à mente. Fiz as contas... Nove anos. Este é o tempo que somos amigos.

Sinceramente, fiquei assustado. Parece que foi ontem... Não podem ser nove anos. Nove anos são mais de três mil e duzentos dias. Quase 80 mil horas. O que vivi nesse espaço de tempo?

Sim, foram muitas coisas. Nesse período, me formei, tive minha segunda filha, mudei de emprego algumas vezes, fiz outros amigos... Mas ainda assim dá a impressão que tudo poderia ser vivido, resumido, em um ou dois anos. Talvez menos.

Isto me trouxe à memória uma crônica que li anos atrás. Nem vou tentar lembrar quando... É provável que não acerte.

O autor contava de um viajante que chegou a uma cidade desconhecida. Logo na entrada, ficava o cemitério. Entrou. Viu um túmulo, outro... E foi ficando intrigado. As pessoas ali morriam muito jovens. Que cidade era esta?

Todos tinham menos de 20 anos. Era impressionante. Na lápide de um túmulo podia identificar que não tinha vivido mais de três anos e sete meses. Noutra, não passava de cinco anos. Seria uma peste? Algum tipo de maldição?

Minutos depois, encontrou um senhor que cuidava do local. Após cumprimentá-lo, não resistiu e perguntou o que havia acontecido com aquelas pessoas. A resposta foi surpreendente. Naquela cidade, não se contavam os anos como noutros lugares. Cada um registrava a idade de acordo com os dias mais significativos, aqueles que proporcionavam emoções reais, verdadeiras. Somente os dias realmente vividos eram contados. Por isso, mesmo quem tinha muitos anos de idade, geralmente não passava dos 15 ou 20.

A crônica é só uma forma fictícia de falar sobre a vida. Porém, é reveladora. Quantos dias terei vivido nesses últimos nove anos? Se tivesse anotado apenas os momentos significativos, qual seria o resultado? Dessas quase 80 mil horas quantas não foram desperdiçadas?

É difícil responder. Mas certamente muito desse tempo se perdeu entre compromissos, preocupações ou pela rotina que nos leva a um automatismo em que atos se repetem, enquanto a vida escapa.

Qual é nossa escolha? Participar da vida ou vê-la passar?

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Casa nova

Há muito estou insatisfeito com o Blog do Ronaldo. Não pelo blog em si. Mas pela mistura de conteúdos. Muito conteúdo ali publicado nada tem a ver com minha rotina profissional. Por exemplo, gosto de escrever alguns ensaios, reflexões sobre a vida, às pessoas, nossas emoções. Entretanto, mesmo nunca tendo sido minha intenção, acabei dando espaço para discussões sobre política, economia, reportagens da CBN etc etc. O blog ganhou até link no site da CBN. Aí foi ficando impossível fazer algo mais intimista.

Por isso, estou de mudança para o Posterous. Faz algum tempo que já venho testando. É todo em inglês e, por isso mesmo, ainda tenho dificuldades em usar certas ferramentas. Mas não me parece tão complicado assim. Espero ficar por aqui um bom tempo. Afinal, também não me agrada a ideia de sair por aí espalhando novos blogs. Porém, nesse caso, creio que é o melhor a fazer neste momento.

Detalhe, aqui não haverá espaço para discutir problemas da cidade, política municipal e, provavelmente, nem as questões nacionais. Esses assuntos só serão tratados quando for possível estabelecer um diálogo muito pessoal a respeito do comportamento humano, da vida de cada um de nós.

Ah... também não esperem textos curtos e nem atualização constante. Esta página terá um caráter mais reflexivo.

Então, boa sorte pra mim... E sejam bem-vindos!

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segunda-feira, dezembro 07, 2009

Na segunda, uma música

Inspirador. Talvez esta palavra seja a que melhor defina a produção musical do Ministério Vineyard. Vale a pena ouvir.

Aqui, uma canção conhecida - e maravilhosa.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Por que insistimos naquilo que não nos faz bem?

No último domingo ouvi uma música que me fez pensar numa séria de coisas… E que motivou este texto. Por sinal, a arte deve ter esta função: emocionar, provocar, fazer-nos refletir. Do contrário, é apenas entretenimento. No caso das músicas, são significativas quando vão além do banal “estou a fim de você” ou “quero te beijar” e outras tantas frases feitas que se repetem em boa parte das músicas que tocam nas rádios.

A arte que emociona, provoca e nos faz refletir permite-me questionar até que ponto certas coisas valem a pena. Por que insistimos naquilo que não nos faz bem? O que motiva a persistir em projetos e até mesmo relacionamentos que só causam dor, sofrimento?

Dia desses recebi a ligação de uma ouvinte e leitora que me acompanha à distância, num dos estados do Nordeste do país. Ela estava arrasada. Queria um conselho. Estou longe de ter tal autoridade, mas, por causa do que tenho apresentado pela Rede Novo Tempo, ela me ligou. Precisava falar da angústia, da dor de um relacionamento que dura quase 15 anos.

O casal tem uma filha. A garota tem 12 anos. É apaixonada pelo pai. Entretanto, esse homem trai sua mulher há muitos anos. Já tem até outro filho, fruto de um relacionamento extraconjugal. Recentemente, ele começou a namorar outra garota. Essa esposa sabe de tudo, conhece a jovem, mas não consegue dizer para ele “acabou”.

Depois de ouvi-la se lamentar, perguntei:

- Você está feliz?

A resposta era obvia.

- Não, não estou feliz, disse do outro lado da linha.

Por isso questiono: por que insistimos naquilo que não nos faz bem? A resposta não é simples. Não é simples, porque a vida não é como somar “dois mais dois”. Não existe lógica nas emoções. E, no caso dos relacionamentos, nem sempre se consegue equação perfeita que resulta em felicidade, prazer, cumplicidade.

Vejo jovens, casais de namorados, que vivem se confrontando, mas não são capazes de se desgrudar. Parece haver uma química no conflito, no sofrimento, que os une. A dor serve de combustível para alimentar a relação. Chega-se ao ponto que a pessoa tem a impressão que não consegue viver sem aquilo. Isto é meio neurótico, mas plenamente explicável pela Psicanálise.

Este apego a coisas que não dão prazer também se aplica a outras situações. Tem gente que está sendo consumido pelo trabalho, por um chefe desumano, mas não consegue ver oportunidade além daquele emprego. O sujeito vai definhando, vive estressado, em alguns casos, chega a entrar em depressão, mas não rompe com o que lhe faz mal.

Há uma saída? Sim. Mas, por mais repetitivo que pareça, passa pelo se conhecer. Identificar que existe um problema, que há um sofrimento e que este pode ter um fim quando houver disposição para enfrentá-lo. E enfrentá-lo significa se abrir para um mundo novo, desconhecido e, por isso, tão assustador.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

É preciso aprender viver

A vida é mesmo cheia de surpresas e mistérios. Há momentos em que o mundo parece sorrir para você. Noutros, tudo perde o sentido. O curioso é que na maioria das vezes isto acontece dentro de nós. Está na nossa mente. Origina-se em nossa incapacidade de ver com outros olhos. Ficamos tão focados em nossas emoções que sequer percebemos que não somos o centro do universo.

Por que a ligação que não veio nos perturba tanto? Por que a resposta que não recebemos nos soa como uma rejeição? Por que o sorriso que não vimos nos lábios de alguém nos parece falta de amor? Por que a pressa do outro entendemos como desprezo? Por que temos que ouvir tantas vezes que somos amados?

Porque há momentos em que projetamos um universo irreal. Idealizamos as pessoas, nossos amores sob a perspectiva que temos. Queremos ver ou ouvir uma vez após outra que somos importantes, amados, desejados. O sofrimento nasce em nós nesse complexo mar de emoções que nem sempre podemos decifrar.

Sabe, embora a razão torne a resposta simples, nosso coração não aceita. Gostaríamos que as coisas fossem diferentes. Não queremos aceitar que as linhas que escrevemos nem sempre se assemelham à história real.

Mas, não seria maravilhoso se sempre o cantar dos pássaros fosse tão expressivo e pudéssemos ouvir música no ar? Afinal, há dias em que acordamos assim. Até o incômodo som do despertador parece um convite para dançar.

Entretanto, por razões que a própria razão desconhece, o mesmo som que nos entusiasma causa furor. Os mesmos estímulos que nos fazem amar também nos fazem odiar. O que causou sorrisos ontem, hoje despertam nossas lágrimas. Inexplicável a complexidade do nosso ser.

O que é mais lamentável é a tendência de sempre responsabilizarmos o outro, o mundo e até mesmo os céus por coisas que só dizem respeito a nós. É verdade que não entendemos este mar de emoções. Mas elas são nossas. Ninguém tem culpa do que acontece no coração. Então, por que nosso sofrimento nos faz roubar o prazer de quem é inocente?

Não são raras as vezes que nos fazemos de vítimas quando a vítima de fato é a outra pessoa. Aquela com o qual convivemos – nosso amigo, amiga, marido, mulher, namorada… Está ali, diante de nós, não sabe o que passa em nosso coração e a olhamos como se fosse a origem da dor que sentimos. Chegamos ao ponto de despejarmos nossas frustrações sobre ela apenas porque queremos que experimente o que estamos sentindo, descubra, sozinha, o queremos.

Eu concluo… A insegurança é uma das causas das nossas mudanças de humor. Parece ser preciso ser rodeado de carinhos, bajulações, sorrisos e inúmeros “eu te amo” para entendermos o quanto significamos na vida de alguém. O problema é que essa mesma insegurança, que nos mata aos poucos, corrói o sentimento que o outro tem por nós. As pessoas não se sentem bem ao lado de quem não sabe viver.