Janeiro, fevereiro... Na verdade, os primeiros meses do ano são reservados, na principal emissora de televisão do país, para a banalização do comportamento humano. Estou falando do Big Brother Brasil. O programa está em sua nona edição e, semelhante aos anos anteriores, faz do exibicionismo, da busca pela fama e dinheiro fácil armas para conquistar o público. E, por incrível que pareça, milhões de pessoas sentam nos sofás de suas casas para ver um grupo de homens e mulheres – quase todos jovens – desfilando diante das câmeras.
A fórmula do programa é conhecida. Não há nada ali que acrescente valores ao telespectador. Os participantes parecem escolhidos a dedo para revelarem o que há de mais fútil e questionável no caráter de um ser humano. Neste ano, um senhor de mais de 60 anos integra o Big Brother e, mesmo casado, já apontou que, para ganhar um milhão de reais, vale inclusive trair a esposa. E, fora do programa, a mulher concordou com o marido.
Sedução, namoro, intrigas fazem parte do cotidiano do BBB. Mesmo sem uma história pra contar, o programa faz sucesso.
Às vezes, fico pensando no público. Os participantes estão ali num jogo de ficção e realidade. Não parecem ter compromisso com nada e nem ninguém. Mas, e o público?
Sabe, há vários motivos para justificar a atração do Big Brother sobre as pessoas. Entretanto, nenhum deles passaria pelo filtro do bom-senso, da racionalidade. Bastaria pensar por alguns instantes na ausência de valores e no vazio proporcionado por esse espetáculo para desligar o botão da televisão.
O BBB é tudo que condenamos em nossos discursos cotidianos. No entanto, muitos de nós preferimos uma fuga da realidade para viver o espetáculo da mediocridade e ficar horas diante da telinha. Depois, trocamos o diálogo sobre a vida real por comentários sobre os relacionamentos, as confusões, os namoros e a beleza sedutora de alguns dos participantes do programa. Falamos sobre isso com nossos filhos, com nossos amigos, companheiros de trabalho...
Posso estar errado, mas penso que quando assim nos comportamos transferimos valor ao lixo. Trocamos os diamantes que a vida e Deus podem nos dar por banalidades que nada nos ensinam e que arruínam o nosso espírito e mente.
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