Mais que a reflexão dos fatos... Nossa vida, nossa história, nossas relações num mundo que precisa de Deus
terça-feira, maio 19, 2009
É possível viver bem com pouco?
Meio que por acaso esbarrei numa reportagem de dezembro de 2008 da revista Época. O assunto é instigante. Um daqueles temas que mexem com você, pois estão na pauta de suas preocupações. A reportagem tem um título sugestivo: “Viver bem com pouco”.
Confesso que este é mais um dos meus desejos de consumo. Vivo com pouco. Mas vivo sob o manto da eterna insatisfação. Claro, não sou o único. Muita gente tem renda muito maior que a minha e também está insatisfeito. Mas a Época trouxe depoimentos e falas de gente comum e de especialistas que sustentam a tese de que “foi-se a era de esbanjar e ostentar”. Essas pessoas argumentam que “a nova ordem global impõe consumir com parcimônia e priorizar a recompensa emocional”.
De verdade, espero que isso se torne mesmo uma nova ordem global. A pressão para que conquistemos sucesso, dinheiro e fama é tanta que não conseguimos descansar. Felicidade hoje é traduzida em números. Lembro até de uma frase: “Dinheiro não traz felicidade. Manda buscar”. A frase sintetiza os valores de uma época. Transferimos para o dinheiro todas nossas expectativas, nossos projetos e vivemos para conquistá-lo.
Mas o novo conceito, de “viver bem com pouco”, tem conquistado adeptos. Gente disposta a abrir mão do dinheiro e dos prazeres que ele supostamente proporciona para experimentar a vida sob um ângulo novo e pouco conhecido.
A proposta de “viver bem com pouco” é ampla. Vai desde a maneira como nos alimentamos até a forma como nos relacionamos com os amigos, com a família, com nossos filhos.
Essas pessoas entendem que o prazer não está naquilo que consumimos. Elas acreditam que o prazer é experimentado em coisas simples, como passar horas batendo papo com os amigos, sem necessidade de ter nada para comemorar. Ou simplesmente ficar em casa mais tempo com os filhos.
Na alimentação, por exemplo, há muito tempo transformamos nossas refeições em algo pouco significativo. Só paramos para apreciar os alimentos quando organizamos um almoço ou um jantar especial. O trivial almoço, café da manhã ou o lanche da tarde se tornaram uma obrigação, feitos pela necessidade física.
O ato de tomar um banho é mais uma questão de higiene que algo que possa nos proporcionar prazer. Conversar com um amigo só é bom se não temos mais nada pra fazer. E ainda precisa ser regado por bebidas e comida.
Tudo isso acontece porque queremos casas e carros luxuosos. Vivemos sob a ditadura da beleza. Os corpos devem ser belos, bem cuidados em salões de beleza e estética, por médicos dermatologistas e devidamente vestidos com roupas de marcas famosas. Nosso computador, nosso celular não bastam ser funcionais, precisam ter a mais avançada tecnologia para chamarmos atenção ou causarmos inveja nos colegas, amigos e inimigos.
Os objetivos que temos para a vida estão quase todos relacionados a necessidade de conquistar mais, ter mais. Isso causa ansiedade e frustração. Afinal, poucos terão tudo que sonham. E mesmo se conquistarmos o que desejamos ainda assim vamos perceber que continuaremos insatisfeitos. Motivo? Não são coisas que dão prazer. São pessoas, gente, relacionamentos, filhos, família, Deus. Nossa felicidade passa pela conquista da liberdade, pela sensação de paz interior. Isto não pode e nunca será proporcionado por riquezas ou bens materiais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário