Hoje quero falar da solidão. Um dos maiores desafios de nossa sociedade é vencer a solidão. Nunca estivemos tão próximos. Porém, nunca estivemos tão sós. Não importa onde vivemos, o que somos ou fazemos, estamos sozinhos. Claro; nem todas as pessoas experimentam tal sentimento. Muita gente consegue ter bons amigos. Consegue conviver bem com o outro, tem ótimos relacionamentos e é feliz. Entretanto, o sentimento de solidão está escondido no peito de inúmeras pessoas. Mas poucos admitem.
Uma pesquisa feita no início deste século nos Estados Unidos apontou que 90% dos homens se sentem sozinhos. Mas eles só aceitam falar sobre o assunto quando permanecem no anonimato.
As pessoas não querem reconhecer a solidão na vida delas. Afinal, estão próximas de todo mundo. Quase sempre, têm família, trabalho… Mas não se relacionam de fato.
Existem várias conseqüências nesse mal. As pessoas que vivem ilhadas em seus sentimentos estão mais sujeitas à depressão, a ter problemas de autoestima, encontram dificuldades para demonstrar suas emoções e, para a convivência em grupo, usam uma máscara social. Podem parecer alegres, mas, no coração, o sentimento é outro. Tudo isso resulta em frustração. E é exatamente essa frustração, a ausência do outro para compartilhar os sentimentos que leva a um estado patológico de depressão.
Mas essa solidão tem várias causas. Entre elas, a nossa correria cotidiana. A necessidade que temos de dar conta de tantas coisas nos faz ter relacionamentos superficiais. Geralmente saímos com amigos para nos divertir. Contudo, a convivência com profundidade, confiança, é quase inexistente. O papo com amigos serve para tratar de trabalho, falar da vida alheia, dos programas que fazem sucesso na televisão, mas pouco serve para expressar nossos verdadeiros anseios. Não queremos nos revelar. Numa sociedade competitiva, expor-se é mostrar fragilidade, fraqueza.
A tecnologia também não ajuda. A tecnologia aproxima, mas não garante amizade. As pessoas usam o Orkut, o MSN, o email, o celular… Enfim, fazem uso de inúmeros equipamentos tecnológicos, mas não mostram a verdadeira face. A tecnologia, na verdade, permite a abertura para um mundo virtual, imaginário, ilusório, mas que não dá conta das demandas sentimentais do sujeito no mundo real.
Para a solidão só existe uma resposta: aceitar-se como ser humano, aceitar o outro. Entender que todos nós temos falhas; não existem amigos perfeitos. A solidão cresce em nosso peito na medida que percebemos não ter ninguém em quem podemos confiar. Mas, felizmente, é algo que podemos romper. Dá trabalho, mas é possível. A construção de bons relacionamentos depende quase que exclusivamente de nós mesmos. É preciso dar um primeiro passo de confiança e fé no ser humano. Vale a pena tentar.
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