O FATO PENSADO de hoje quer falar sobre a importância de um bom exemplo. Em semanas anteriores, falamos aqui sobre a educação e apresentamos alguns questionamentos sobre a forma como temos orientado nossos filhos.
Hoje, quero continuar essa reflexão, mas apontando um aspecto que é fundamental para que nossos filhos sigam as nossas recomendações.
Quando falamos sobre um bom exemplo, falamos sobre as mais diferentes práticas. Por exemplo, ouvi nesse fim de semana o relato de um avô que recentemente passou por uma situação constrangedora com o neto dele. Esse avô saiu de casa acompanhado do neto e foi até um supermercado para comprar algumas coisinhas e, entre essas coisas, um pequeno objeto para aquela criança.
No supermercado, o neto se viu diante do produto com o qual seria presenteado. Na gôndola, estavam duas marcas diferentes – uma, de marca conhecida e mais cara; outra, um pouco mais popular, mas mais barata. Sem muito dinheiro no bolso, o avô comentou que compraria o objeto mais barato. Rapidamente, o garoto sugeriu ao avô que trocasse as etiquetas dos produtos. Ou seja, o menino estava propondo que o produto mais caro recebesse a etiqueta daquele que estava mais em conta. O avô, ao orientar o garoto sobre o erro que estaria cometendo, recebeu, de pronto, uma resposta bastante original: “mas vovô, meu pai faz isso. Sempre que encontra um produto mais caro, ele troca as etiquetas”.
Caro amigo, pense comigo por alguns instantes nessa situação... Imagine como se sentiu aquele avô. Ele estava diante de uma situação típica do que a gente pode chamar de “espertísse aguda”. O pai daquele menino talvez sempre achou que estava sendo muito esperto por trocar etiquetas e economizar alguns trocados. Entretanto, que tipo de ensinamento você pensa que esse pai estava passando para o filho?
Sabe, em pequenas coisas ensinamos nossos filhos a mentir, a se corromper, a se tornarem pessoas de moral duvidosa. Quando não queremos atender alguém ao telefone, mandamos dizer que não estamos em casa. Quando precisamos escapar de uma multa na estrada, oferecemos algum tipo de recompensa para o guarda nos livrar daquela penalidade... Para pagar mais barato, compramos cds e dvds piratas... As crianças vão aprendendo com nossos atos de esperteza e amanhã reproduzirão os mesmos comportamentos.
E tem um detalhe que poucas vezes nos damos conta... Pense comigo, quem você acha que são os políticos corruptos que dirigem nossa nação? Tenho certeza que são filhos de pais que se achavam espertos e deixaram exemplos de que não há pecado em mentir só um pouquinho, não há pecado em enganar só um pouquinho, não há pecado em economizar alguns trocados alterando uma etiqueta ou deixando de devolver o dinheiro a mais entregue por algum caixa desatento.
A conduta moral de nossa sociedade é reflexo de nossos exemplos. Não existe meio termo: ou somos verdadeiros ou somos mentirosos. Não existe meia verdade. Meia verdade é uma mentira, como qualquer outra.
Caro amigo, talvez isso pareça radical demais. Acontece que não seremos melhores como seres humanos se não nos comportarmos de forma íntegra. Quem acha que pequenos deslizes são toleráveis e necessários, também deve achar que uma mosca que cai enquanto o confeiteiro bate a massa do bolo não representa nenhuma falta de higiene.
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