O Fato Pensado de hoje quer tratar da vaidade na infância e na juventude. Trata-se de algo tão presente na sociedade contemporânea que, por vezes, não nos damos conta de que temos um problema a enfrentar.
Salto alto, maquiagem, visitas ao cabeleireiro, tratamento estético, ginástica, musculação... Enfim, esses comportamentos e atividades físicas voltados à promoção da beleza já não estão restritos aos jovens e adultos.
Crianças, cada vez mais cedo, são atraídas para esse universo. A indústria da moda e o mercado de cosméticos já perceberam que nossos filhos são potenciais consumidores. Para se ter uma idéia, o mercado brasileiro de cosméticos é o segundo maior do mundo. São 50 milhões de consumidores. Essa indústria teve um crescimento de 13,3% no faturamento nos últimos cinco anos. Não é pouca coisa.
Mas o que certos pais acham bonitinho esconde uma série de problemas. O principal deles é a antecipação da fase adulta. Nossas crianças adotam um visual de adolescentes ainda na infância. E na adolescência, comportam-se como jovens e adultos. Acontece que atropelar as fases naturais da vida tem um preço. Nossos filhos se tornam adultos tendo já experimentado tudo que a maturidade poderia proporcionar.
O sexo é uma dessas experiências antecipadas. A vaidade, que se revela no uso de determinadas roupas, calçados, cuidados com o cabelo, maquiagem etc etc, geralmente tem como objetivo a exposição do corpo. Essa exposição não visa proporcionar prazer apenas à pessoa. A vaidade evidencia uma preocupação com o olhar do outro; a necessidade de chamar atenção para si, de ser admirado. Logo, a vaidade caminha com a valorização da sensualidade. E colocar-se sensualmente leva ao sexo precoce.
Não quero aqui fazer um discurso moralista. Entretanto, crianças vaidosas geralmente têm a primeira experiência sexual muito antes do que seria desejável. Crianças vaidosas tendem, na adolescência, a desejar fazer cirurgias plásticas – desde a colocação de silicone nos seios até a realização de lipoaspiração ou mesmo a retirada de costelas para garantir uma cintura mais fina.
De quem é o dever de impedir esses problemas todos? Resposta obvia. São os pais os responsáveis por evitar que as fases da vida sejam atropeladas. Não é fácil. Afinal, é grande o apelo da indústria da moda, do mercado de cosméticos. A mídia, por sua vez, ajuda a aumentar o estrago. Valoriza o culto ao corpo, à beleza e os pais sentem-se acuados. E os próprios pais, muitas vezes, projetam um ideal de perfeição nos filhos e incentivam a vaidade. Mas não é aconselhável ser tolerante com a vaidade na infância. As conseqüências, como dissemos, aparecem na adolescência e na fase adulta. Os pais devem ser firmes. Devem resistir a pressão e preservar a inocência das crianças. Dá trabalho. Mas vale a pena.
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