Não há resposta simples. Há várias possibilidades. Entretanto, um motivo em especial me chama a atenção: o abandono da relação. Os relacionamentos esfriam e morrem quando são ignorados por um ou ambos os parceiros. Se o fogo não é alimentado, a chama se apaga.
Gosto de pensar a relação como uma pequena fogueira. Entendo a metáfora como apropriada. Afinal, no local onde há fogo, minutos antes existiam apenas alguns pedaços de madeira – ou nem isso. E as chamas de um instante para o outro podem se tornar apenas cinzas. O que determina a manutenção delas é o cuidado para que não falte combustível.
Assim funcionam os relacionamentos. Duas pessoas se conhecem e, quando isso acontece, se algo desperta atenção de uma delas, inicia-se um processo de conquista. Pequenas – ou grandes - atitudes tentam aproximar, chamar atenção e despertar o sentimento do outro. Sentimento este que pode, inicialmente, ser apenas de atração, mas que eventualmente se torna paixão ou amor.
A conquista é uma fase maravilhosa. Vale tudo para se chegar ao coração. As palavras, os gestos, os olhares... Tudo parece meticulosamente pensado. Claro, as ações nem sempre são conscientes. Mas há uma vontade, um desejo que as move. Essas atitudes têm um objetivo. Por isso, é necessário se esforçar. Há um envolvimento nessa “tarefa”. Pensa-se, discute-se, sonha-se sobre o assunto. Ninguém conquista nada e nem ninguém de braços cruzados.
Entretanto, curiosamente, a maioria das pessoas se dá por satisfeita quando alcança seu alvo. Se a intenção era conquistar o coração de alguém, iniciada a relação, passa-se por um período de euforia (motivado pelo sentimento de vitória, de realização), e aos poucos se entra numa nova fase. Mais calma? Não diria. Diria que se trata de uma fase de acomodação. Acomodação que pode resultar no abandono da relação.
Por que as ligações para o parceiro não são feitas com a mesma intensidade? Por que os recadinhos deixados sobre a mesa – ou na caixa de mensagens, no celular, enfim... – simplesmente desaparecem? Por que os presentes se tornam tão escassos? Por que os elogios, as palavras de carinho são substituídos pelo silêncio ou até mesmo por críticas e agressões verbais?
Somos mesmo seres muito complexos. Nosso comportamento sugere que acreditamos na máxima de que “uma vez conquistado, para sempre conquistado”. Mas não funciona assim. Não somos assim. As atitudes que encantaram na fase da conquista não podem jamais ser negligenciadas. Foram elas que aproximaram duas pessoas e despertaram o sentimento tão especial que fez com que desejassem se entregar e estarem juntas.
Sabe, conheço pessoas que até tentam manter as mesmas ações, gestos e palavras. Mas aos poucos se tornam tão mecânicas que o “eu te amo”, “te adoro”, “te quero” passaram a soar como obrigação. Falta sentimento, falta verdade. Há um esquecimento de que a relação se renova com a capacidade de surpreender, fazer novo, diferente a cada dia.
Só quem descobre que a vida do relacionamento se dá num exercício diário é capaz de ser feliz.
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