Blog do Ronaldo

sexta-feira, dezembro 31, 2010

Para construir um ano bom


Ando numa fase estranha... Frequentemente estou fuçando em coisas que já escrevi, recordando velhas reflexões. Nesta época do ano, talvez um pouco mais. Fiz isto na véspera do Natal; repeti hoje. Concluí que meu jeito de pensar não mudou muito. Claro, sempre a gente reformula coisas, revê antigas teses e observa que deu um passo adiante. E isto é maravilhoso. Afinal, acredito que quem se orgulha de sempre dizer as mesmas coisas, ter eternamente as mesmas posições, na verdade só está provando que parou no tempo. Estacionou.

Mas esta introdução é só pra começar um texto novo, falando da passagem de mais um ano. Curiosamente, uma coisa nunca muda: meu descontrole do texto. Sempre começo com uma proposta, mas me perco em cada uma das frases. Elas vão surgindo, ganhando vida própria. O que era pra ser, deixa de ser. Às vezes, simplesmente produzo algo completamente diferente do que me propunha a escrever. É mais ou menos o que está acontecendo agora. A ideia era só falar do poder simbólico do início de um novo ano. Parece-me que essa proposta já foi silenciada por algo que sequer havia pensado discutir.

Então, como uma coisa se sobrepôs a outra, uso este último parágrafo escrito em 2010 pra desejar a todos os amigos e leitores um ano novo especial, iluminado, produtivo. É verdade que amanhã só será mais um dia. Um dia que nasce junto com o início de 2011. Também é verdade que, de alguma forma, só trocamos o calendário. Nossos problemas não acabam à meia-noite do dia 31; as tristezas não se dissipam. O que carregamos de ruim ao longo deste ano ainda estará com a gente quando secarmos a última gota do champagne.

Entretanto, pode haver esperança de um novo ano com uma nova vida. A decisão é nossa. Se decidirmos que vamos agir de uma maneira diferente, escolhermos construir ao invés de destruir, amar no lugar de odiar, enfrentar os problemas em vez de os jogarmos para debaixo do tapete, elogiar ainda que o primeiro desejo seja de criticar, calar quando o desejável seria gritar... Se estas forem algumas de nossas atitudes, construiremos sim um ano bom; mais que um novo ano, uma nova vida.  

PS- Cheguei em pensar em mudar o terceiro parágrafo, mas como estava dizendo que o texto ganha vida própria, optei por não tirar de lá o que era minha proposta: escrever ali meu último parágrafo.

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Nossa visão estereotipada de felicidade

Estamos chegando ao final de mais um ano e é impossível não se questionar: valeu a pena? Fui feliz?

Enquanto tento desenvolver este texto, ouço a reapresentação de uma das entrevistas que fiz no Questão de Classe. Nela, falávamos sobre a eterna busca pela felicidade. A primeira coisa que pensava acompanhando de novo o papo com a psicóloga Isla Gonçalves é: será que sabemos o que é felicidade?

De alguma forma, em função de tudo que a mídia nos apresenta, temos uma visão estereotipada da felicidade. A gente entende o ser feliz como resultado de conquistas. Transferimos felicidade para o ter coisas ou até pessoas. É feliz quem tem dinheiro, quem viaja, quem tem o melhor carro, a casa dos sonhos, a mulher mais bonita, tem vida sexual agitada, veste as melhores roupas etc etc.

Embora não seja simples definir a felicidade - e nem tenha a pretensão de fazê-lo -, sempre penso num estado de espírito em que exista paz interior, sensação de completude. Acontece que, nos dias em que vivemos, são experiências quase impossíveis. Portanto, ser feliz ou estar feliz parece-me resultado de uma vida para além dos prazeres - ainda que estes sejam importantes e necessários.

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Os opostos se atraem?

Claro. Mas os semelhantes, também. Agora se a pergunta for "opostos podem dar certo?", a reposta seria: "talvez". Conversava sobre isto com uma amiga. Falávamos das diferenças de personalidade, dos gostos e de hábitos.

A ideia de que os opostos se completam funciona em alguns aspectos. Por exemplo, dificilmente vai dar certo uma relação entre duas pessoas ansiosas. Como também não vai ter sintonia um casal em que ambos ficam nervosos facilmente. Sempre é preciso ter o equilíbrio. Se um é econômico demais, é bom que o outro seja um pouco mais liberal - e o inverso também.

Entretanto, como conciliar diferenças do tipo: um adora sair, curtir lugares movimentados e o outro prefere a discrição, espaços reservados? Ou, um ama expor todos os problemas pros amigos, amigas, conta tudo; o outro tem sua vida privada num cofre fechado a "sete chaves"? Vai ter conflito.

Hábitos, gostos e comportamentos podem ser determinantes num relacionamento. Para o bem ou para o mal. Acredito que uma boa convivência se constrói através de concessões. Porém, ninguém pode se anular a ponto de abrir mão de sua própria personalidade. Se isto acontecer, a pessoa morre aos poucos. Por outro lado, se as diferenças forem significativas, também não há chance de serem felizes.

Se o desejo é ter uma relação duradoura, o melhor é investir em alguém que viva e faça coisas que admira, gosta e compartilhe.


terça-feira, dezembro 28, 2010

Foto da calcinha e o fim da privacidade


Vi há pouco uma notícia curiosa:

A informação está um pouco confusa. Não dá pra entender muito bem o que aconteceu. Entretanto, lembrei de outras discussões que fiz por aqui: o fim de nossa privacidade. Até brinquei com um amigo: - o Google vai acabar com nossos segredos.

Ainda é cedo pra dimensionar o tamanho da invasão de privacidade proporcionado pelas novas ferramentas tecnológicas. Algumas situações são expostas por nós mesmos. O exibicionismo na rede é assustador. Algumas vezes, sem consequências; outras, nem tanto.

Hoje, é fácil saber da vida de uma pessoa sem ao menos conhecê-la. Basta segui-la no twitter, num blog, pelo facebook ou outra rede social qualquer. Entretanto, o que dizer dos registros em imagens feitos pelo Google?

Com suas diferentes ferramentas, não é raro encontrar depoimentos de pessoas que sentiram ter sua privacidade invadida porque suas casas, propriedades etc foram fotografadas pelo Google. Essa mulher viu uma foto da calcinha dela parar na rede. Poderia ter sido o flagra de um beijo ou outra cena qualquer. 

Acontece que nem tudo na nossa vida é público. Ou queremos tornar público. Mas como evitar o Big Brother da vida real? Parece-me quase impossível. Seja pelas imagens captadas pelo Google ou pelas câmeras de segurança que vão se espalhando por nossas cidades, nossa vida é cada vez menos nossa. 

Seria simbólico, mas queria uma despedida oficial de José Alencar

Fico impressionado com a luta pela vida empreendida pelo vice-presidente José Alencar. Nesses oito anos de mandato, já perdemos as contas de quantas vezes foi internado, passou por cirurgias. Agora, na reta final do governo, Alencar está internado. Sua hemorragia não cede aos procedimentos médicos. O Brasil acompanha o drama do vice-presidente e torce para que ele vença mais uma vez a doença. Mas desta vez a situação parece mais complicada. O próprio fato de a hemorragia persistir já sinaliza a complexidade do momento. 

Cá com meus botões, gostaria de vê-lo descer a rampa do Planalto, despedir-se do governo e viver este último ato oficial ao lado de Lula, das Marisas (mulher de Lula e também da esposa dele) e da presidente Dilma. Seria simbólico. Ainda assim, entendo como uma forma de José Alencar sentir que sua missão está completa - uma espécie de adeus à política e, talvez, à vida. E isto debaixo dos aplausos de uma multidão que, independente de bandeiras partidárias, admira sua luta.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Na segunda, uma música

A banda surgiu na década de 1980. Teve seu auge num período em que outras tantas bandas arrebentaram. Entretanto, o tempo passou e apenas as melhores sobreviveram. Entre elas, o Paralamas do Sucesso. Embora não tenha uma voz maravilhosa e nem firmeza nas interpretações, Herbert Vianna é um músico genial, um grande compositor. Por isso mesmo, soube como poucos liderar o grupo em períodos em que o gênero produzido pelo Paralamas e outras bandas não era o mais consumido pelo público. Nesta segunda, compartilho uma de suas belas músicas, Aonde quer que eu vá. 

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Foi pelas pessoas que veio o Cristo do Natal

A gente chega a este dia 24 de dezembro, véspera de Natal, com aquela sensação de: "espera aí, o que aconteceu? Onde eu estava em março, junho, setembro... Como assim? Já é Natal?". Se você me acompanhou por aqui no ano passado, nessa mesma data, deve lembrar que falei da urgência do tempo, da maneira apressada como vivemos e da impressão que dá de que tudo passou rápido demais. É verdade. Passou rápido demais. E mais um ano está indo embora. É Natal. Já é possível ouvir o som dos sinos, as boas conversas e risadas ao redor da mesa. Mas tudo isso também vai passar pra daqui a pouco comemorarmos a passagem de mais um ano e "estreia" em 2011.

Falar pra você "vamos aproveitar melhor o tempo, curtir intensamente cada momento" até parece um discurso repetitivo. Entretanto, não nos resta algo muito diferente. Afinal, o que importa na vida são os bons momentos que vivemos. As experiências mais profundas. Tudo mais é descartável. A gente esquece. Por isso, neste Natal o melhor é abrir o coração para as pessoas que amamos. A comida, a bebida, a música fazem parte apenas de um cenário em que os protagonistas devem ser cada de nós - nossa mulher, o marido, o namorado, a namorada, os filhos, os pais, os sogros... enfim, gente. São as pessoas que realmente importam. Gente é que faz a vida valer a pena. Foi pelas pessoas que o Cristo, do Natal, veio a este mundo - nascer, morrer e ressucitar.

Então, que este seja o nosso sentimento neste Natal. Aproveite. Curta. Viva as pessoas que ama, viva o melhor Natal.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Observando, refletindo e aprendendo

Tempos atrás uma leitora e amiga questionou sobre a "inspiração" para meus textos. Ela comentou que tinha a impressão que sempre escrevo com base na observação de coisas que acontecem ao meu redor. De certa forma, é bem isso mesmo. Traduzo em palavras o que vejo, escuto ou mesmo o que sinto. Os textos são resultado de minhas observações, vivências. E as conclusões, posicionamentos que tenho, fruto do aprendizado, leituras e experiências - até mesmo de outros.

Na verdade, a vida nos concede diariamente muitas oportunidades de aprendizagem. Basta se dispor a ouvir os "sons" do mundo. Tudo nos ensina. Desde as conversas mais banais até as tantas vezes que nós, ou pessoas próximos de nós, "quebram a cara". Quando queremos parar, observar temos a chance de refletir, logo, aprender.

Dia desses conversei com uma pessoa sobre seu relacionamento. De alguma forma, ela tem estado um tanto ausente e não dá conta de demonstrar seus sentimentos de maneira a fazer a outra pessoa se sentir segura - ou tranquila na relação. Ela concluiu: "acho que nunca aprendi a amar".

Brinquei que o tempo em que está convivendo, dividindo sua vida com outro alguém, certamente já pôde ensinar muita coisa. Inclusive a maneira de amar, demonstrar amor. E completei que para isso bastaria observar um pouco mais seu modo de agir e o modo de agir do outro. A observação ensinaria. E muito. Acrescentei que se não buscasse esse aprendizado nunca seria feliz.

Sei que o ato de parar e contemplar está fora de moda. A gente nunca observa na busca por aprender algo; observa-se para apontar erros, criticar. Entretanto, inverter essa lógica pode ser o começo de uma forma nova de viver, de entender de gente, da comunidade em que vivemos e do mundo que transcende o nosso umbigo.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Há professores que prestam um desserviço à educação

Sou professor e também por isso procuro defender os educadores, inclusive das críticas que meus filhos fazem a alguns deles. Hoje, minha pequena falava de uma professora. Ela só tem nove anos. Está longe de entender toda a complexidade do ser humano. Mas chama a atenção o que minha filha contava a respeito dessa mestre. 

Segundo ela, nos momentos de tensão em sala, a professora dizia aos alunos coisas do tipo: 

- Se eu soubesse que ia ser assim, tinha ficado em casa, com minha filha. Deixo minha filha em casa pra dar aula pra vocês. Vocês são muito bagunceiros. Não merecem que a gente venha aqui dar aulas. 

De verdade, sair de casa todos os dias, deixar uma filha pequena pra encarar uma sala de aula repleta de crianças, muitas delas indisciplinadas, não é tarefa fácil. Entretanto, por escolha consciente ou não, o educador optou por essa profissão. Não dá pra simplesmente dizer que é vítima. E ao assumir tal papel comprometeu-se com uma profissão cheia de desafios. Entre eles, enfrentar a dura rotina de ensinar quem nem sempre está muito disposto a aprender. Ainda assim, faz parte de sua missão despertar o desejo pelo aprendizado. Não dá pra esperar que a criança saia de casa desejando preencher páginas e mais páginas com exercícios e atividades diversas que são listadas no quadro-negro. 

Por isso, é quase um crime a resposta de alguns professores a esse tipo de pressão. O trabalho dos professores em nosso país não é devidamente reconhecido. Isto é uma verdade. Mas também é verdade que muitos deles não deveriam estar em sala de aula, pois prestam um desserviço à educação. 

terça-feira, dezembro 21, 2010

Por um mundo mais simples

Embora entenda que tudo precisa de organização, tenho pavor de burocracia. O que pode ser simples fica difícil. Tudo por causa de uma rotina muitos vezes mal explicada e até desnecessária.

Ontem, por exemplo, enquanto acertava a rematrícula de meus filhos na escola que estudam, a diretora solicitou que providenciasse uma série de documentos - inclusive o básico, RG e CPF. Não resisti e questionei:

- Mas por que preciso trazer esses documentos, se entreguei todos eles no ano passado?

Na verdade, não foi apenas no ano passado. Meus filhos estão na mesma escola desde a pré-escola. Como o mais velho vai cursar o primeiro ano do Ensino Médio, dá pra ter uma ideia de quantas vezes já providenciei a papelada. Afinal, todo ano é a mesma coisa.

Não responsabilizo a diretora. Por sinal, é uma pessoa maravilhosa, que admiro e respeito. Porém, não consigo entender essas coisas. Na faculdade em que leciono também dessas coisas. Papéis que a gente entrega todos os anos e precisa apresentar de novo e de novo... Faz parte da burocracia.

Eu não faço parte do grupo de pessoas que consegue simplificar tudo. Até sou bem complicadinho. Ainda assim tenho tentado aprender a fazer da maneira mais fácil. E sonhado com um mundo menos complicado... Pra facilitar a vida da gente, pra sobrar mais tempo e pra garantir uma vida menos estressada.

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Entre despedidas, encontros e reencontros

Dia desses falei aqui sobre despedida... Falei sobre meus alunos. Mas aquele mesmo sentimento se repete noutras situações. Na última sexta-feira, dei um abraço em meu amigo e produtor Fábio Guillen. Foi o último dia dele na CBN Maringá. Ele é o novo contratado da Gazeta Maringá. A partir desta segunda-feira, o jovem jornalista assume novos desafios. Só posso desejar sucesso, com a certeza de que isso vai mesmo fazer parte da vida dele.

Enquanto alguns se vão, outros ficam mais próximos. É o caso de Carina Bernardino. Ao longo dos últimos anos, trabalhamos juntos algumas vezes. Porém, ela era responsável pela produção do jornal da tarde. Agora vai cuidar de nossas manhãs. Na verdade, nessas próximas semanas, estará comigo nos dois horários - manhã e tarde -, até que  um novo amigo chegue para trabalhar com Gilson Aguiar. Por sinal, amigo mesmo. Meu aluno Diego Fernandes, ou Diego Drush, volta para a CBN, agora... pra ficar.

É o ciclo da vida. Infelizmente, a gente nunca mantém as pessoas por perto para sempre. Por outro lado, felizmente, temos sempre o prazer de fazer novos amigos ou de reencontrá-los em situações especiais. Com idas e vindas, a vida segue. E nosso desejo é de que entre despedidas e encontros possamos ter amizades sinceras, companhias e companheiros que façam nossos dias valerem a pena.

PS- Na foto, este blogueiro e a jornalista Carina Bernardino.

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Dezembro, estresse, festas, comida, balança... pra começar "tudo de novo"

Não lembro bem onde... Acho que foi no Fantástico. No último fim de semana, vi uma reportagem dizendo que dezembro é o mês mais estressante do ano. Achei alguma coisa sobre o assunto numa página da Veja. Com base numa pesquisa, a reportagem diz que o nível de estresse aumenta 75% no último mês do ano.

É bem razoável. A correria de dezembro é mesmo assustadora. Quem trabalha no comércio, trabalha várias horas a mais, atende uma quantidade imensa de cliente, ouve dezenas de desaforos e sobrevive sabe-se lá como. Quem vai às compras, vive o inverso. Encontra vendedores cansados, mal humorados e outros tantos consumidores impacientes. Além disso, faltam vagas de estacionamento, os preços são sempre mais altos etc etc.

Dezembro é cansativo e estressante pra todo mundo - inclusive pra professor, principalmente por ver tantos alunos enlouquecidos com medo de serem reprovados. Enfim, só quem sai de férias no início do mês e viaja para uma praia, um hotel... consegue escapar dessa agitação toda. E tem a pressão por preparar as festas e por participar de festas. Já viu quantas festinhas são feitas neste mês? É amigo secreto, inimigo secreto, confraternização... Loucura geral!

Junto com o estresse, tem comida demais. Uma combinação bombástica. Vive-se pior, come-se mais. É quase impossível escapar de dezembro sem ganhar alguns quilos. Mas faz parte desse nosso jeito maluco de ser. O curioso é que dezembro é só mais um mês. O último do ano, é verdade. Mas os dias que virão em janeiro apenas serão, como sempre foram, "um dia após o outro". E tudo pra chegar em dezembro novamente.

Uma vida pra justificar

Já notou que estamos sempre nos justificando? Ou justificando atitudes, ações que realizamos ou deixamos de realizar? Dias atrás pensava sobre isto. Recordei inclusive de um texto que escrevi tempos atrás. Nele, falava de nossa constante busca por aprovação. Na tentativa de controlar o que as pessoas pensam de nós, vivemos a eterna busca por argumentos que expliquem nossos comportamentos.

Embora seja natural essa preocupação com a imagem - ou com a aprovação alheia -, eu diria que gastamos tempo e energia nessa tentativa quase inútil.

Quase inútil, porque ainda que existam justificativas para tudo que fazemos (ou deixamos de fazer), nem sempre serão suficientes para o outro. A gente pode explicar um atraso, mas será que muda alguma coisa? Pode-se explicar um erro, mas é possível corrigi-lo? Pode-se explicar uma grosseria, mas será que põe fim à mágoa? Pode-se dizer "não fiz", mas é suficiente para pôr fim à desconfiança?

Justificar nossos atos até pode ser um comportamento educado, gentil; uma forma de respeito ao outro. Mas quando se justifica em excesso talvez seja sintoma de insegurança, medo de perder, baixa auto-estima ou até mesmo incapacidade de fazer a coisa certa. Ainda penso que em alguns momentos o melhor a dizer é: "desculpe-me, errei; não vai mais acontecer". Ou ainda: "desculpe-me, mas não dou conta de atender você".


quinta-feira, dezembro 16, 2010

Filhos mimados; filhos castrados

Por uma dessas razões que a gente desconhece, trombei ontem com um texto meu de agosto de 2009. Tratava nele da incapacidade de alguns pais educarem seus filhos. Falava que existem pais frouxos; e que pais frouxos criam filhos dominadores. Encontrar esse texto foi curioso porque pensava justamente numa situação envolvendo uma família que pouco conheço, mas que se comporta de uma maneira questionável - no que diz respeito ao trato com os filhos.

Recentemente vi um de seus filhos, já adulto, homem feito, ser defendido pelo pai. Mas não era uma defesa qualquer... Era numa situação em que o próprio jovem deveria ser capaz de fazê-lo. Não vou contar o caso, pra evitar exposição - ou identificação dos personagens. Entretanto, para se ter uma ideia do tipo de interferência, vamos fazer de conta que o fato fosse este: o cara tira nota baixa na universidade e a mãe vai tirar satisfação com a professora. Consegue imaginar? Dá pra pensar no que representaria um marmanjo precisar da mãe pra discutir nota com a professora? Pois é... O que dizer? O que dizer dessa família? O que dizer desse filho? 

Eu diria o seguinte: esses pais roubaram desse jovem o direito de ser homem. Alguém que chega à fase adulta e não é capaz de cuidar de si próprio, tomar as próprias decisões, continua criança. O problema é que, infelizmente, situações como essa se repetem em inúmeras famílias. São pais que castraram seus filhos; não os deixaram crescer. Se um dia quiserem ser gente, vão precisar de ajuda profissional. E talvez nunca se tornem homens e mulheres de verdade. 

Educar um filho implica em permitir que sofram. O mesmo sofrimento que produz frustração, decepção... a mesma derrota que gera dor... são as melhores ferramentas para nos levar ao amadurecimento, à experiência, tornando-nos seres humanos melhores, mais sociáveis, relacionais. 

PS- A foto é só ilustrativa. Brincar com os filhos não os torna mimados. Rsrs.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Facebook e as novas experiências

Esse mundo tecnológico me assusta. Falava há pouco com o Murilo Battisti sobre o Facebook. Lembrávamos que, tempos atrás, só tínhamos um ao outro naquela rede social. Na época, chegamos a brincar que era preciso "destronar" o Orkut como rede mais popular. Afinal, nunca fomos fã do Orkut.

Depois de "viajarmos" nas lembranças, o Murilo encontrou a data do comentário que trocamos: 28 de janeiro de 2009. Tudo bem; vai fazer dois anos. Mas para tudo... Dois anos depois, o Orkut está em decadência e o Facebook, no Brasil, já ocupa uma posição invejável. E detalhe, com potencial para se tornar líder entre as redes. No meu caso, por exemplo, já tenho muito mais "amigos" pelo Facebook que pelo Orkut.

Na verdade, vivemos o tempo da descoberta. O desejo no novo, da experiência, do diferente nos move. Não importa o quê, quando, onde, como e por quê. Tudo vence muito rápido, sai de moda e precisamos de uma novidade. Vale para o carro que compramos, a roupa que usamos, até para as pessoas com as quais nos relacionamos. Não há apego. Apenas queremos outras sensações; sensações ainda não sentidas.

No caso do Facebook, é muito bem-vindo. A ferramenta é mais completa, funcional e oferece inúmeras possibilidades. Há outras tantas novidades que também facilitam a vida da gente. Considero apenas que não podemos perder a capacidade de apreciar o que há de bom entre as "velharias". Há coisas que precisam e devem ser preservadas. Para o nosso bem e bem de todos, viver é saber fazer boas escolhas.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Na segunda, uma música

Gosto de postar a música pela manhã... Nem sempre é possível. Mas cá estamos. Para hoje, reservei uma música que já compartilhei no Facebook na sexta-feira à noite. É uma canção maravilhosa de um grupo de mulher que curto demais. Estou falando do Celtic Woman. Essas cantoras irlandesas são simplesmente maravilhosas. Além de belas, possuem vozes incríveis e a interpretação que dão para as músicas é sempre encantadora.

A versão que estou disponibilizando hoje é a original do DVD. Está na página do grupo no Youtube. Logo, demora um pouco pra carregar. Mas vale a pena. A música é "You raise me up" - ou, "Você me levanta".

Entre outras coisas, a canção diz:


Você me levanta para andar em mares tempestuosos
Eu sou forte quando estou em seus ombros

É isso. Então... vamos à música.

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Meus alunos, minha vida

Não gosto de despedidas. E com meus alunos acabo sentindo essa sensação de "despedida" todas as vezes que concluem o terceiro ano da faculdade. Não trabalho com o último ano. Mantenho contato, mas a rotina de aulas, trabalhos e atendimentos praticamente se resume às ações burocráticas da coordenação dos Trabalhos de Conclusão de Curso.


Hoje, ao falar com um de meus alunos que se despedem do terceiro ano, senti esse aperto no coração. O aperto da despedida. No início da semana, já tinha tido esse mesmo sentimento ao falar com outra acadêmica. A gente acaba desenvolvendo uma relação que não é só aquela de professor-aluno. Até pela maneira como entendo o ensino, vou além e busco uma proximidade que tem muito afeto. Por isso, o fim de um ciclo acaba por ser uma despedida.

É prazeroso ver que, ao longo dos três primeiros anos, pude exercer influência sobre a vida deles, oferecendo mais que ensino teórico e prático. É gostoso notar que muitos deles cresceram, ampliaram a visão de mundo, são mais ativos socialmente, alguns até engajados em questões pelas quais se vale lutar.

Daqui algum tempo serão meus colegas de profissão. Jornalistas, assessores e até professores. Aqui comigo ficará sempre o sentimento de que não apenas passaram pelas minhas aulas; também fizeram parte da minha vida.

Meus alunos, minha vida

Não gosto de despedidas. E com meus alunos acabo sentindo essa sensação de "despedida" todas as vezes que concluem o terceiro ano da faculdade. Não trabalho com o último ano. Mantenho contato, mas a rotina de aulas, trabalhos e atendimentos praticamente se resume às ações burocráticas da coordenação dos Trabalhos de Conclusão de Curso.

Hoje, ao falar com um de meus alunos que se despedem do terceiro ano, senti esse aperto no coração. O aperto da despedida. No início da semana, já tinha tido esse mesmo sentimento ao falar com outra acadêmica. A gente acaba desenvolvendo uma relação que não é só aquela de professor-aluno. Até pela maneira como entendo o ensino, vou além e busco uma proximidade que tem muito afeto. Por isso, o fim de um ciclo acaba por ser uma despedida.

É prazeroso ver que, ao longo dos três primeiros anos, pude exercer influência sobre a vida deles, oferecendo mais que ensino teórico e prático. É gostoso notar que muitos deles cresceram, ampliaram a visão de mundo, são mais ativos socialmente, alguns até engajados em questões pelas quais se vale lutar.

Daqui algum tempo serão meus colegas de profissão. Jornalistas, assessores e até professores. Aqui comigo ficará sempre o sentimento de que não apenas passaram pelas minhas aulas; também fizeram parte da minha vida.


quinta-feira, dezembro 09, 2010

Nossa dose diária de "bobagens"

Meu amigo Diego Drush publicou hoje no Twitter que todo mundo, de vez em quando, precisa consumir um pouco de porcaria. Para justificar, ele usou Umberto Eco. Não com essas palavras, mas o pensador italiano realmente admite que há uma carência psicológica, biológica por se consumir "bobagens". Quando trata disso, faz referência à produção artística e cultural. Eco, portanto, sustenta que não há problema em se ler, ouvir ou assistir coisas que, digamos assim, são vazias, superficiais, rasas. O argumento de Umberto Eco está no capítulo "A estrutura do mau gosto", do livro Apocalípticos e Integrados.

Não quero aqui entrar no teor da reflexão proposta pelo autor. Afinal, reconhecidamente, a produção artística e cultural - essa da grande mídia - contribui/colabora para a manutenção do que chamamos de alienação. Entretanto, essas mesmas "bobagens" estão no centro de nossas necessidades naturais. Como sobreviver depois de uma semana de muito trabalho e não se deixar levar por algum filme - ou mesmo novela - que nada tenha a dizer? Ou se reunir com amigos num churrasco e deixar de ouvir essas músicas que geralmente tocam em nossas rádios? Dá para imaginar o mesmo cenário - o churrasco - e, no som, uma sinfonia de Beethoven?

Às vezes, precisamos nos deixar levar pelas fotos e fofocas de uma Caras, Contigo... Faz parte daquele relaxamento cerebral que parece aliviar a pressão do dia a dia. O mundo "cor de rosa" dos artistas e celebridades alimenta a ilusão, o imaginário, que também é característico do ser humano. As músicas anestesiam, tocam os sentimentos. As imagens que desfilam na tela tevê ou do cinema mexem com nossas emoções. E nós somos isso: razão, mas também emoção. Dentro do peito bate um coração que reclama sensações que essas "banalidades" proporcionam.

O que devemos entender é o papel dessas "bobagens" em nossa vida. Embora necessárias, não devem ser consumidas sem a compreensão do vazio existencial que produzem. Nunca terão outro papel que não este: atender nossas emoções. E se dependemos delas pra viver, também não devemos ignorar a importância do conhecimento, do saber racional. Portanto, que as "bobagens" diárias que consumimos sejam administradas com moderação.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Futebol e comportamento: algumas lições

Nada contra quem gosta de futebol. Eu até aprecio. Mas não consigo ficar duas horas diante da televisão para ver uma partida. O jogo tem que ser muito importante, e empolgante, para eu assistir um único tempo. Então, sou suspeito pra criticar o comportamento de alguns torcedores. Mas, como blog é blog, é pessoal, e aqui é quase meu diário na rede, posso me atrever a falar sobre o que gosto ou não gosto.

E uma das coisas que me incomoda é ver o torcedor falar o tempo todo durante o jogo, reclamar, xingar, acenar, pular no sofá. Vale para decisões? Digamos que sim. Vale para jogos do Brasil? Vale. Mas acho que cabe um certo bom senso, principalmente para partidas menos relevantes.

Como pai de um corintiano, completamente passional, sei bem o que é ter um torcedor desses que falam, reclamam o tempo todo. Se depender do adolescente que tenho em casa, ele assiste tudo. Até jogos de varzea. E vai "brigar" com o juiz, falar que o atacante é "perna de pau", ficar nervoso com a zaga... E aí o negócio é ver o espetáculo dele; não do que passa em campo.

Quando observo o comportamento dele e de outros tantos torcedores, não encontro razão alguma para tanta paixão. Particularmente, assisto esporte por diversão. Sem sofrimento. Não é o caso do meu filho e nem de outros tantos milhões de fãs de futebol e de outras modalidades.

Porém, o que mais me chama a atenção é a maneira tão diferente como somos. É incrível ver como pessoas que vivem numa mesma casa podem  agir de forma tão distinta. É a riqueza do ser humano. Compreender essas diferenças é o primeiro passo para o respeito e boa convivência seja numa família, seja no trabalho ou em qualquer outro ambiente. O maior erro que alguém pode cometer é tentar colocar todas as pessoas numa espécie de fôrma e esperar que se comportem de maneira semelhante.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Amizades preciosas

Gravei há pouco uma entrevista sobre amizade. Vai pro ar na próxima quinta-feira pela CBN Maringá. A discussão, com um certo tom filosófico, foi uma das melhores que tive neste último semestre. E me fez refletir um pouco mais sobre o que é amizade. Amizade tem a ver com amor. Mas não é a mesma coisa. Até porque amigo a gente escolhe; amor, não. O amor acontece; a amizade é uma opção e implica em interesses comuns.

Acontece que vivemos dias em que esse tipo de relação está em crise. Ninguém quer se comprometer - isso vale, inclusive, para o amor. Sem comprometimento, não há vínculo; sem vínculo, a amizade verdadeira não prospera.

Além disso, embora as redes sociais permitam a aproximação, elas não garantem a amizade. Esta pode até nascer ou ser alimentada pelo facebook, twitter, orkut etc. Contudo, a superficialidade característica dessas redes não produz amizade. Afinal, amigo é aquele com quem a gente conta quando a "casa cai". Quando a gente faz uma bobagem enorme, identifica-se o verdadeiro amigo. Ele não abandona. Pode não apoiar seu erro, mas estende a mão. Quando o dinheiro acaba, quando se perde o emprego, quando se envelhece... descobre-se a amizade.

Por isso, amigos são raros. Por isso, os poucos que conseguimos manter, são mais valiosos que as mais preciosas jóias.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Pequenos ou grandes remendos para continuar vivendo

Fui pegar o cartão de uma das contas bancárias a fim de passar uns dados para o administrativo da empresa e me surpreendi com o estado do "coitado". Remendado, quebrado agora em mais um lugar e com os números e letras praticamente inelegíveis. Enquanto buscava uma fita adesiva para tentar salvar o velho cartão, fui levado a pensar em nossa vida. Fiquei imaginando: quantos de nós seguimos remendados e precisando de novos reparos pra continuar vivendo?

Todos temos problemas. Alguns deles deixam arranhões; outros causam feridas; e têm aqueles que chegam a nos quebrar por inteiro. Recuperar-se e continuar a jornada é necessário. Não dá para desistir de viver. Embora por vezes a vida possa perder o sentido, nada é mais precioso do que viver. Por isso, sempre vale insistir, tentar de novo - de preferência, de um novo jeito.

Depois das fraturas que sofrermos, dos dias de tempestade, semelhante ao meu cartão bancário, é provável que, ao olharmos para o espelho, encontremos vários remendos. Talvez as letras já estejam um tanto apagadas. Quem sabe nem seja possível identificar algumas de nossas histórias, e outras até tenham que ser silenciadas pelas lembranças dolorosas. A ação do tempo e dos problemas corrompe o plástico do cartão, mas não é capaz de atingir a conta bancária. Por isso, se nossa alma resistir, teremos "saldo" (energia) e vida pra viver.

 

sexta-feira, setembro 17, 2010

Por que os homens mentem?

Será que dou conta de responder? Acho difícil, é complexo demais. Mas, reconheço, o tema é desafiador. Sinceramente, e não estou mentindo, não tentaria sequer levantar hipóteses a respeito do assunto. Afinal, as razões podem ser as mais variadas. Entretanto, vou me atrever e listar aqui algumas considerações em respeito a uma amiga repórter que sugeriu que escrevesse sobre os motivos que levam um homem a mentir.

Até para defender minha “espécie”, diria que homens e mulheres mentem. E não venham me dizer que mentem mais que elas. Talvez poderíamos afirmar que as mulheres são mais competentes que nós. Fingem melhor. Por isso, conseguem sustentar uma mentira e até convencer-nos que se trata de uma verdade.

Mas, vamos em frente… Não faremos aqui uma “guerra dos sexos”.

Do ponto de vista bíblico, estamos tratando de um pecado. Além de condenado nos escritos sagrados, a Bíblia sustenta que os adeptos desse comportamento não entrarão no reino dos Céus.

Embora relevante, não vou discutir o assunto sob essa perspectiva.

Entendo que tal hábito, além de nocivo para o próprio indivíduo, pode resultar em mágoas, tristezas, decepções. Contudo, acredito que ninguém pode sustentar que nunca faltou com a verdade. Por motivos humanamente justificáveis – ou não – todos nós já mentimos.

Mente-se para explicar um atraso, para se dar bem nos negócios, evitar confronto ou agradar alguém e até para conquistar uma pessoa. Podem ser repetidas para não magoar a mãe que errou na hora de botar o sal na comida ou para explicar o encontro com a amante. “Inocentes” ou não estão sempre ali, prontas para serem ditas.

Numa relação, homens podem mentir para parecem mais másculos, competentes ou até carinhosos. Ainda são capazes de fazer isso para atraírem uma mulher ou sustentarem a infidelidade. Afinal, querem parecer ativos, competem entre si e, numa cultura machista como a nossa, levá-las para a cama é motivo de orgulho.

A sedução muitas vezes não é um jogo sincero. Máscaras são usadas para ocultar a face real com suas contradições, defeitos, inseguranças, medos. Elogios e gentilezas acabam sendo feitos motivados por segundas intenções. A disposição para se esperar pelo outro nem sempre é paciência ou compreensão. Não há garantias de que o abraço carinhoso é amigo. O sorriso ou a voz suave escondem a verdade. A verdade oculta, mascarada pode ser única e exclusivamente o desejo por sexo – e não necessariamente o compromisso. A mulher torna-se apenas objeto de conquista, um prêmio.

Não há remédio para tais mentiras. Elas sempre serão estratégia repetida por muitos homens. Classificá-los todos como iguais – ou acreditar que nunca haverá gestos sinceros – também é cometer um erro. Por isso, sempre haverá oportunidade para se encontrar a pessoa certa, o homem certo.

Para essa minha amiga – e para outras mulheres que possam se interessar por este breve ensaio -, diria apenas que sejam menos inocentes, mais pacientes, prudentes e sábias. Nem sempre uma melodia faz uma canção. Nem todos os elogios, sorrisos e palavras são sinceros. A observação atenta, e não precipitada, pode resultar em boas escolhas e no encontro do parceiro ideal.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Está tudo bem?

Faz parte de nossos hábitos. Daqueles que repetimos sem ao menos pensar. Encontramos alguém e logo perguntamos: “está tudo bem?”. Não nos damos conta necessariamente do que representa a frase. Simplesmente verbalizamos. É uma maneira gentil, educada de abordar as pessoas. Escapa quase que de maneira inconsciente.

Dia desses, estava num velório. Observava as pessoas cumprimentando a viúva. De repente, chega um amigo da família. Ao falar com a mulher que tinha perdido o marido, logo tascou: “tudo bem com a senhora?”. Do meu canto, em silêncio, foi impossível não esboçar um sorriso. Aquele homem acabara de cometer uma gafe.

O fato só revela o quanto essa frase é repetida mais por um hábito do que necessariamente por uma preocupação real nossa com o que está sentindo a outra pessoa. Claro, existem exceções. Como também existem pessoas que, ao ouvir um “tudo bem?” já começam a expor toda sua vida. Ali desfilam os problemas no trabalho, no casamento, com vizinhos… enfim. E quem simplesmente quis ser educado, acaba ouvindo o que não esperava – ou não desejava. Afinal, o diálogo obvio é mais ou menos este:

- Tudo bem?
- Sim, tudo bem. E você?
- Está tudo bem, graças a Deus.

Gosto dessa troca de gentilezas. Como tantas outras pessoas, repito com freqüência. Mas confesso que a frase “está tudo bem” me incomoda um pouco. Às vezes, chego a evitar a resposta. Não pelo fato de não estar me sentindo bem, mas porque me pego pensando na profundidade do que representaria essa pergunta.

Sei. É meio filosófico isto, mas pare para pensar um pouco: o que é estar tudo bem? Não vale estar bem só de saúde. Também não pode ser apenas financeiramente. E se a saúde vai bem e a carteira também, ainda assim não dá para dizer: “está tudo bem”. Para essa condição se realizar, é preciso ir além.

Você pode ter dinheiro, mas estar infeliz com o emprego; pode ter uma boa casa, mas ter um péssimo casamento; ou pode ter um bom relacionamento com sua mulher, com seu marido, mas viver em tensão constante com a sogra; quem sabe está irritado porque seu carro vive dando problemas; ou ainda porque tem sonhos que nunca consegue realizar.

Estar tudo bem seria estar pleno. Numa condição de bem estar em todas as áreas da vida.

Não é possível viver sem os problemas cotidianos. Por isso, estar tudo bem é quase uma utopia. Sempre existirão espinhos. Alguns mais dolorosos; outros, menos. Mas estarão lá.

Uma resposta convicta, consciente – “está tudo bem!” – é quase um ato de fé. Também é uma necessidade, um motivo a se buscar, uma expressão, uma crença de que problemas existem, mas que nenhum deles é maior que a razão de nosso existir.

domingo, agosto 29, 2010

Dizer sim para a vida

Oportunidades surgem a todo momento. Muitas, em momentos que não esperávamos. Outras, até como consequência de nossas buscas. Porém, como já disse por aqui noutra ocasião, não raras vezes desperdiçamos chances reais de realizarmos nossos sonhos.

Mas por que isso acontece? Há muitas razões. Entre elas, o medo de dizer “sim”.

Lembro-me de um filme que aborda esse tema. Em “Sim Senhor”, o ator e comediante Jim Carrey interpreta Carl Allen. A história começa apresentando algumas características do personagem. Ele surge como uma pessoa negativa, que vive reclamando. Reclama de tudo – das poucas oportunidades no trabalho até da namorada que o abandonou. Carl Allen parece um grande azarado – semelhante a muitas pessoas que conhecemos.

Tudo muda na vida dele após uma palestra de auto-ajuda. Como que hipnotizado pelo palestrante, o personagem de Jim Carrey passa a dizer “sim” para a vida. Ele responde afirmativamente a qualquer convite. Mesmo diante de situações inusitadas e duvidosas, Allen diz “sim”.

Embora trate do assunto de forma cômica e até pouco responsável, o filme é capaz de chamar nossa atenção para a maneira emburrada como muitas vezes recebemos os presentes que a vida nos dá.

Por medo ou insegurança, tem gente que sofre para dizer um “sim”. O “não” se repete em seus dias. A vida vai desfilando diante de seus olhos, mas vê tudo à distância. As oportunidades passam e a pessoa não consegue se apropriar de nenhuma delas. Chances reais são desperdiçadas pela incapacidade de superar os próprios limites.

Caro leitor, os “nãos” que permanecem em nossos lábios são barreiras que construímos entre nós e a vida que sonhamos. Podem nos roubar a chance de fazer boas amizades, conquistar um novo emprego ou mesmo de vivermos um grande amor.

Ninguém precisa e nem deve dizer “sim” para tudo. Temos o direito de responder “não” para uma proposta pouco responsável ou mesmo agressiva. Você não vai aceitar a “cantada” de um colega de trabalho apenas porque deseja dizer “sim” para a vida. Nem vai responder “sim” a uma proposta de emprego, se está feliz onde trabalha, tem boa remuneração, é reconhecido pela chefia e tem a possibilidade de construir uma
carreira estável e de sucesso.

Entretanto, ter mais disposição para ousar, experimentar é reconhecer que falar “sim” para a vida é abrir a janela para o futuro, para a vida que sempre que sonhamos, mas que por vezes rejeitamos com nosso negativismo e falta de fé.

domingo, junho 13, 2010

Palavras traduzem nossas emoções?

Palavras. Elas são poderosas. Permitem que alteremos o meio em que estamos, exteriorizando o que é do mundo interior. Expressam nossas vontades, desejos, angústias, anseios. Refletem nossa alma. São mais que instrumentos para nos comunicarmos. Afinal, pensamos por meio de palavras. Mas teriam a capacidade de traduzir todas as nossas sensações, nossos sentimentos?

Um pensador russo, M. Bakhtin, apontou que a palavra é o modo mais puro e sensível da relação social. Também disse que preenche qualquer espécie de função ideológica: estética, científica, moral, religiosa. Entretanto, ressaltou que nem todos os fenômenos podem ser inteiramente substituídos por palavras.

Amo as palavras. Não tenho o talento de um João Ubaldo Ribeiro, com todo seu cuidado e esmero na escolha de cada uma delas para compor seus textos. Estou longe, muito longe dele. Porém, sinto-me encantado com seu poder mágico de sugerir o que vai no coração. Quando bem escolhidas, comovem, tocam. Também são capazes de polemizar, convencer, calar. É por isso que Bakhtin ressalta: a palavra é um signo neutro. Em qualquer contexto, servimo-nos delas para nos expressarmos.

Bem, não quero aqui desfilar argumentos da lingüística, da semiologia. Não é esta a intenção. Meu texto é apenas a expressão de uma vontade de pensar a palavra como esse instrumento que nos faz compreendidos pelo outro. Mas que, mesmo combinadas e recombinadas, nem sempre traduzem o que sentimos.

Por exemplo, como tratar do amor que uma mãe tem por seu filho? Teriam o poder de revelar tamanho sentimento? Como alguém apaixonado expressa a emoção de estar ao lado da pessoa amada? Como falar da saudade que aperta, que machuca e faz chorar? Como expressar a sensação de um abraço, que acalma, conforta e nos faz perder a noção de tempo e lugar? Como, depois de seis meses repetindo todos os dias “eu te amo”, garantir que a frase expresse com a mesma força tamanho sentimento?

Nossas emoções são maiores que as palavras. Elas sugerem, mas não refletem. Falar das coisas do coração não é o mesmo que pedir: “tire o copo da mesa, por favor” ou “você poderia me dizer quanto está custando essa televisão?”. Não é simples assim. Por isso, quando tratamos de coisas abstratas o universo da linguagem pode conspirar contra ou a nosso favor.

As palavras, depois de ditas ou escritas, passam a ter vida própria. Já não nos pertencem. São do mundo, pertencem ao outro – ao leitor ou ao ouvinte. Por isso, ganham novos sentidos. Muitas vezes, diferentes demais daquilo que desejávamos. Não dá para controlar.

Esta é uma das riquezas desse signo. Elas são experimentadas de acordo com nossas vivências. Sentimos cada uma delas de uma forma. Isto é mágico. Por um lado, podemos concentrar todos os nossos desejos na composição das frases mais lindas e tocarmos alguém; por outro, nossa poesia pode simplesmente ser ignorada.

Porém, essa magia também guarda perigos. Mais que deixar de alcançar nossos objetivos, um enunciado é passível de ser compreendido de maneira distorcida. Não raras vezes, alguém se chateia com algo que falamos. Muitas vezes, a intenção era dizer uma coisa, mas o outro entendeu diferente. Brigas acontecem, mágoas ficam guardadas no peito. Pior é que, em algumas situações, somos incapazes de reconhecer que não somos donos do discurso. E que a fala ganha sentidos no outro. É o ouvinte, leitor que dá o significado.

A compreensão do encanto das palavras, sua incompletude na tradução de nossas emoções, a autonomia dos sentidos são aspectos fundamentais e transformadores, inclusive nas relações humanas. Tornar-nos-íamos mais compreensivos com o outro se pudéssemos perceber que a vida que se expressa em palavras não é a mesma que se passa no coração.

terça-feira, junho 08, 2010

Escravos da imagem

Para a convivência social, temos que ter certo cuidado com o que falamos, com a maneira como nos portamos; nossos gestos e ações falam sobre nós. Tempos atrás, fiz um programa exatamente sobre este assunto. Na ocasião, conversei com a psicóloga Isla Gonçalves, uma especialista no tema. Recordo que apresentamos várias dicas sobre como devemos nos portar para nos relacionarmos bem, sermos bem vistos por familiares, amigos e, obviamente, no mundo dos negócios.

Hoje, há cursos específicos que ensinam a ter postura. Não se trata simplesmente de etiqueta. A ideia é treinar as pessoas a fim de se tornarem seres relacionais, capazes de se adequarem aos diferentes ambientes. Se o problema está na incapacidade de convivência com a mulher, namorada etc, manda o sujeito para a terapia ou para um curso de noivos/casais. Não sabe trabalhar em equipe? Capacitação nele! Passa imagem de arrogante, prepotente ou egoísta? Treinamento resolve. Na verdade, com a orientação adequada, qualquer pessoa consegue melhorar bastante sua imagem e garantir o sucesso desejado – seja na vida pessoal, amorosa ou profissional.

Todos nós carecemos de máscaras. Elas escondem nossas fragilidades, silencia nossos impulsos irracionais. Não há quem as dispense completamente. São fundamentais. Precisamos para “engolir alguns sapos”, preservar amizades, não agredir aqueles que amamos, evitar mágoas… Sem maquiarmos nossa verdadeira face, a convivência social se tornaria impossível. Afinal, as pessoas que mais rejeitamos são justamente aquelas que se dizem as mais “verdadeiras”.

Quem costuma dizer “eu não levo desaforo pra casa”, geralmente se torna irritante e a evitamos. Ninguém gosta de ser agredido. Ninguém se sente bem ao lado de quem fala demais e não mede as palavras. O trato com o que vamos dizer e com a maneira com que falamos é um princípio fundamental para o estabelecimento e manutenção dos relacionamentos. Trata-se, portanto, de uma máscara que usamos. Se não nos preocupássemos com o outro ou com o que vão pensar de nós, agiríamos da mesma forma? Talvez não.

Queremos causar uma boa impressão. É natural. Afinal, buscamos no outro nossa afirmação e identidade. Muito daquilo que acreditamos que somos é referenciado pelo que falam de nós. Poucos podem dizer “não ligo para o que pensam de mim”. Talvez até relevamos a opinião que alguns têm a nosso respeito, mas, por outro lado, não dá para negar que vamos considerar a imagem que construímos – ainda que em apenas certos meios ou diante de algumas pessoas.

Nada disso é ruim. Faz parte de nossa vida. É necessário. Somos frutos do meio. Não estamos sozinhos no mundo. Entretanto, muitas vezes nos tornamos reféns de nossa imagem. Quando isso acontece, temos um problema. Perdemos a identidade. Deixamos de ser o que somos para viver como querem que vivamos. Pode até parecer interessante durante algum tempo, pois é desejável a aprovação do outro. Mas aos poucos a infelicidade bate à porta e o que era bonito se torna feio, o que era claro fica escuro, a vida fica amarga e os dias passam a ser uma grande mentira.

Não há uma receita para escapar do risco de se tornar escravo de sua própria imagem. Contudo, uma dica pode ajudar: conhecer-se. Quem se conhece, percebe o que dá prazer, o que causa satisfação e é capaz de avaliar até que ponto as máscaras são necessárias. Elas podem até nos ajudar a viver melhor, mas não podemos permitir que ocultem quem verdadeiramente somos, silenciando nossos sonhos, desejos, escondendo nosso caráter e personalidade.

sexta-feira, maio 21, 2010

Na sexta, uma música

Faz uma eternidade que não atualizo este blog. Há pouco estava procurando uma música para concluir meu sermão. Amanhã, vou estar na igreja Adventista da Vila Sete. Bem, aí vi tanta coisa legal, que gosto muito, e deu vontade de trazer de volta para este espaço a publicação de uma música. Já faço isto no Blog do Ronaldo. Por lá, compartilha uma canção toda segunda-feira. Mas quase sempre uma música secular que eu curto bastante ou que seja significativa dentro de algum contexto especial.

Feita esta introdução, digamos assim... compartilho Melosweet, Providência. Já faz um tempinho que essa canção foi lançada, mas vale relembrar.

segunda-feira, abril 19, 2010

Um olhar sobre "Escrito nas estrelas"

Pra começar, você está assistindo a nova novela das seis? Desde segunda-feira da semana passada, a Rede Globo apresenta "Escrito nas estrelas". Eu vi as chamadas antes da estreia. Também vi algumas outras depois de começar a ser exibida. Lindas. Todas muito lindas. As chamadas são maravilhosas. O enredo é simplesmente encantador.

Eu não tive tempo de ver nenhum capítulo. Neste horário geralmente estou em trânsito, correndo pra faculdade. Vida de jornalista e professor não é fácil. Falta tempo para ver novela. Mas confesso que me senti tentado a ver o folhetim. Talvez, se estivesse em casa, estaria fazendo como milhões de outros brasileiros. Estaria diante da telinha me deixando levar pela obra de Elizabeth Jhin.

O enredo de "Escrito nas estrelas" traz um amor puro - não livre de conflitos, é claro - entre um pai e um filho. Ricardo é o pai; Daniel, o filho. O pai é um médico, que sonhava ter o filho trabalhando com ele, dando continuidade aos seus sonhos. Entretanto, logo no início da trama, Daniel morre. A separação causa dor, sofrimento no coração do pai.

A beleza desse amor e o sofrimento provocado por essa separação foram muito bem explorados nos primeiros capítulos da novela. Mas, vejam que coisa linda, a morte de Daniel apenas separa pai e filho no plano físico. O jovem volta a fazer parte da novela no plano espiritual. Lá está o personagem transitando por alguns núcleos na trama na tentativa de restabelecer contato com o pai e com uma jovem que ele conheceu pouco antes de morrer.

Bem, caro ouvinte, não vou detalhar aqui o enredo de "Escrito nas estrelas". Talvez você conheça melhor que eu. Apenas quero compartilhar algumas coisas com você. A primeira delas, o que vi nessas últimas semanas me encantou. A história, a música de abertura interpretada pela cantora Paula Fernandes, enfim... minhas emoções foram tocadas.

Mas também preciso dizer que este encantamento é perigoso. Não sou preconceituoso. Na verdade, como cristão que sou, diria que sou até liberal demais na perspectiva de algumas pessoas. Entretanto, a novela, como você já notou, tem uma temática espírita. Eu costumo dizer que manter a televisão ligada num programa como este é colocar "fogo estranho" dentro de nossa casa. "Escrito nas estrelas" tem sim uma bela história. Mas a beleza do enredo traz consigo algo que não alimenta nosso espírito. Pelo contrário, nos afasta de nossos princípios e crenças.

O cristão deve ser prudente, sábio. E, nesse caso, parece-me que manter o aparelho desligado é a melhor maneira de abençoar a sua família.

sexta-feira, março 05, 2010

Anestesia, amizades, tempo, nossa vida

Nossa vida pode ser melhor ou pior a cada dia. Depende de nossas atitudes e escolhas. E elas são serem mais acertadas se soubermos aprender com nossos erros e acertos – e também com as lições que outros nos ensinam.


Nessa semana, me encantei com a coluna online publicada pela jornalista Eliane Brum. Dona de mais um prêmio Troféu Mulher Imprensa de melhor repórter de revista, ela está deixando a Época. Fez uma escolha: quer ter tempo para viver. Pretende desenvolver projetos pessoais, continuar escrevendo, mas sem abandonar mão da vida.

A jornalista relembra algumas de suas reportagens nascidas pela fixação em falar sobre a morte. A morte, como diz Eliane, nos faz refletir sobre como viver. Ela sustenta:

- Lidar bem com a certeza que todos temos de morrer um dia, mais cedo ou mais tarde, é fundamental para viver melhor. E para compreender a natureza fugaz e preciosa da vida.

Ao que parece, a jornalista está encontrando o seu jeito de melhor aproveitar o que esta existência oferece.

Atitudes como a dela – que sequer conheço, mas admiro à distância – me fazem pensar nessa rotina louca. Tenho dito aqui dezenas de vezes: temos abdicado da vida por nos dedicarmos ao que ainda não temos e não conquistamos. Talvez devêssemos optar por jeito mais simples de viver para termos a chance de tirar dela o que há de melhor.

Não é fácil abrir mão de certas coisas. Dinheiro, estabilidade, plano de saúde etc, para termos tempo e chance de escolher o que vamos fazer. Ter e manter os amigos, investir nos relacionamentos, por exemplo.

A amizade é uma das coisas mais preciosas que temos. Às vezes, escolhemos caminhos que nos fazem ter poucos amigos ou ter pouco tempo para eles. Em certas circunstâncias perdemos pessoas queridas simplesmente porque deixamos de alimentar o relacionamento. Creio que todos nós experimentamos isto em alguns momentos da vida. Em certas ocasiões me cobro por estar tanto tempo sem falar com gente que amo e que guardo no coração.

Felizmente, a vida parece nos dar novas oportunidades. Elas surgem nas atitudes de alguém ou mesmo num fato que nos inspira a mudar. Noutras situações, a vida nos presenteia e, sabe-se lá por qual razão, traz-nos de volta a chance de retomarmos o que havíamos perdido.

Esta semana me senti assim. Depois de cinco anos, reencontrei uma pessoa muito especial. Nosso contato nesses últimos tempos não foi sequer sombra do que vivemos em nossa amizade. Já havíamos passado por tudo o que bons amigos experimentam. Sorrimos juntos, choramos juntos, mas deixamos escapar essa amizade por nos envolvermos demais com nossos compromissos.

Entretanto, como disse, às vezes a vida nos presenteia com novas oportunidades. Quando por alguns segundos nos abraçamos, a impressão que tivemos era que o tempo não havia passado para nós. O mesmo carinho, respeito, admiração estavam lá bem guardados no coração, apenas esperando a oportunidade de serem revividos.

Depois de conversarmos por minutos que pareciam descolados do relógio, despedimo-nos com a certeza que amizades verdadeiras não morrem. Nas horas seguintes, recordei do texto publicado pela jornalista Eliane Brum. Voltei a pensar no quanto perdemos pelo simples fato de abrirmos mão do controle, do gerenciamento de nosso tempo.

Os dias passam, os meses e anos se vão, a vida se esvai e não nos damos conta que invertemos as prioridades. Anestesiados por esta nova forma de viver, deixamos de sentir os gostos, as texturas, os cheiros e de nos relacionarmos. Como escreveu o pesquisador J. Hillman, este é o tempo de voltarmos a ter sensações reais, concretas. “Devolver a alma ao mundo significa conhecer as coisas. Ter relações íntimas, conhecimento carnal”.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Mulheres musculosas: elas são bonitas

Os padrões de beleza mudam. Mudam-se os tempos, mudam-se os gostos estéticos. Os filósofos gregos quando começaram a discutir o “belo” acabaram por criar uma espécie de cânon de beleza. Alguns daqueles valores referenciaram a sociedade daquela época. Entretanto, outros foram eternizados. Permanecem, pois reproduzem leis invariáveis da estética. Estas estariam relacionadas à capacidade de produzir prazeres autênticos. Platão, por exemplo, fala da relação entre harmonia e bondade de caráter, do bom comportamento, da simplicidade, da alma humana dotada de bons sentimentos, amor. O belo, portanto, não estaria apenas na aparência, naquilo que se vê na exterioridade.

Mas aqui a proposta não é refletir sobre o pensamento teórico que fundamenta as discussões estéticas. Apenas intenciono pensar alto sobre o que publicou a Época na edição desta semana. A revista traz uma ótima reportagem sobre a beleza feminina no século XXI. Com o título “A beleza da força”, a Época sugere que o corpo musculoso parece representar uma nova estética feminina. São mulheres que malham, que gastam horas na academia para definir braços, coxas, abdome, bumbum. Elas têm mais que medidas perfeitas e corpos durinhos – com pouca ou nenhuma flacidez. Possuem músculos.

A pergunta que norteia a reportagem é: essas mulheres saradas são realmente bonitas?

Difícil responder. O assunto é polêmico. Gostos são culturais. E numa sociedade onde se convive com a diversidade, nem sempre o que agrada a um grupo de pessoas é capaz de agradar a todos.

Nas passarelas, por exemplo, não há espaço para mulheres bem torneadas. Lá é o reino das magras, quase anoréxicas. As formas não são valorizadas. Por isso, não é incomum dizer que as modelos são uma espécie de “mulher cabide”.

Os produtos de mídia – na tevê, revistas etc – também destacam as magras. Mas os tipos são um pouco mais variados. As “gostosas” são as que mais fazem sucesso. Elas aparecem nas capas das publicações, são referência de saúde e beleza – além de serem as preferidas dos fotógrafos para as revistas de fofocas e celebridades.

Mas e no mundo real? No reino das milhões de anônimas espectadoras desse padrão estético que domina a moda e a mídia?

Uma coisa é certa: elas estão insatisfeitas. São pressionadas a reproduzirem a beleza das modelos, atrizes e das musas do carnaval. Se olham no espelho e só conseguem ver o que falta. Ou que o que sobra. E é verdade… Anda sobrando muito mais. Afinal, tem crescido o número de pessoas com sobrepeso ou obesidade.

Bem, no mundo real, o que nós homens também opinamos – ou pelo menos gostaríamos de nos fazer ouvidos -, agradam os olhos aquelas que preservam a feminilidade. E aqui a aparência tem importância, mas não é só isto. Somos capazes de ignorar uma ou outra celulite, algumas curvinhas fora do lugar.

Mulheres fortes parecem ocupar o lugar do homem. Músculos são sinais de força – historicamente, característica muito mais masculina.

Desejamos mulheres que sejam diferentes de nós. De corpo e alma. Queremos mulheres que cuidem do corpo, mas que saibam que preferimos formas graciosas e preservem o jeito feminino de ser.

Posted via email from Ronaldo Nezo

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

O que rouba nossa felicidade?

A felicidade é um estado de espírito. Buscamos a felicidade. Mas esta nem sempre é um bem que se alcança. Por vezes, ela também nos escapa. E, por incrível que pareça, em várias circunstâncias, por nossas próprias escolhas. 

Há inúmeras situações que roubam nossa felicidade. Nem sempre temos controle disso. São fatores externos, alheios a nós. Porém, tenho notado que também criamos condições para que esse sentimento bom nos abandone. Eu diria que buscamos a nossa própria derrota. E a frase "eu era feliz e não sabia" se torna uma verdade. 

Embora a definição de Sócrates para a felicidade possa parecer um tanto confusa, ela traz algumas verdades eternas. O filósofo grego ensina a bem pensar para bem viver. Ele aponta que a única maneira de alcançar a felicidade é através da prática da virtude. E a virtude se adquire com a sabedoria. A virtude é o agir corretamente, é procurar fazer o bem. 

Não é simples fazer o bem. Não é simples ter uma vida irrepreensível. Atos virtuosos, segundo Sócrates, são resultado da sabedoria - uma virtude de alma que é concedida pelo divino, por Deus. Para o filósofo, ser sábio é mais que agir racionalmente; é ter controle sobre o corpo, ter domínio de si mesmo. Ele ainda lista outros aspectos essenciais: a humildade, o conhecimento, a justiça, a piedade.

Logo, quem pratica a virtude é feliz. 

Tarefa difícil. Difícil, porque somos impelidos a viver o contrário disso tudo. Queremos o que não temos, amamos o que não podemos, odiamos o que deveríamos amar, priorizamos nossos anseios e prazeres; abnegação, negação do próprio eu nos parecem pesos que não podemos suportar. 

Como dominar os desejos? Como controlar as vontades? Como ser humilde quando o mundo nos parece agressivo, intolerante, prepotende? Como ceder se tudo se resume em competir? Como ser justo se a justiça nos falta? Como ter piedade se o que notamos é o egoísmo, a falta de compaixão? Como bem querer se nos sentimos odiados, invejados, apunhalados pelos próprios amigos?

Acontece que a paixão momentânea - aquela que nos conduz a atropelar o que Sócrates chama de "prática da virtude" - rapidamente se esvai, como grãos de areia que escorrem por entre os dedos e escapam de nossas mãos. Sobram a desilusão, a solidão, a culpa, o arrependimento, o sofrimento, a infelicidade. 

É verdade... Uma vida virtuosa não causa euforia. Talvez por isso sugere ser tão chata, sem graça. Queremos experimentar grandes emoções. Entretanto, a prática da virtude, embora não prometa acelerar o ritmo de nosso coração, garante calma, paz de espírito. E, ainda que me aborreça admitir, nada faz alguém mais feliz que estar em paz. 

Posted via email from Ronaldo Nezo

terça-feira, fevereiro 09, 2010

A igreja e a sexualidade

Dia desses trato desse assunto por aqui. Por enquanto, sugiro a leitura de uma breve entrevista com um pesquisador cristão sobre o assunto. Entre outras coisas ele diz:

A sexualidade é um não-tema. Pode-se viver e morrer numa igreja evangélica por 70 anos e nunca ouvir um estudo sobre o assunto. A grande realidade: ainda é um tema-tabu. A minoria que estuda, o faz, em geral, com dois defeitos: primeiro, não leva em conta a contribuição científica e, segundo, 99% dos livros e palestras que estão por aí são de uma linha só, que é a conservadora. A Igreja ainda não aprendeu a ouvir os diversos pontos de vista que foram sendo construídos na teologia. Então, é um quadro gerador de culpas e neuroses: aí estão os psicólogos e psiquiatras seculares para atestar isso.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Quem tem medo do mundo real?

Anos atrás este não seria um assunto a ser discutido. Ter uma vida paralela era sinônimo de segredos reais, no mundo real. Algo do tipo "relacionamento proibido", "amante", "histórias escondidas no passado"... Fatos que não podiam ser revelados - por envergonhar ou pelo potencial de escândalo. Nunca se imaginava que o real pudesse se confundir com o virtual, onde o imaginário se torna tão ou mais importante que as experiências concretas, que se dão num determinado tempo e lugar. 

Nesta semana, depois de deixar a casa mais vigiada do Brasil, a jovem Tessalia postou no Twitter: "Acho que me dou melhor com pessoas virtuais mesmo". Tessalia foi eliminada do Big Brother Brasil. Teve 78% dos votos. Uma rejeição recorde num paredão triplo. Ela foi reprovada por boa parte dos concorrentes ao prêmio do programa. Também desagradou muita gente aqui fora. 

Não tenho aqui a intenção de discutir o comportamento da paranaense. Nem pretendo apontar os motivos que resultaram em sua eliminação do BBB. Quero apenas refletir sobre a frase que publicou no microblog. Em poucas palavras, Tessalia resumiu uma grande verdade. Hoje, não são raras as pessoas que preferem o mundo virtual ao real. A vida virtual, construída nas relações que se dão pela rede mundial de computadores, parece exigir menos comprometimento. Os conflitos podem ser eliminados pelo simples ato de deletar ou excluir um perfil. 

Tessalia é um exemplo dessa geração virtual. A jovem tem cerca de 100 mil seguidores no Twitter. Gente que acompanha e interage com a paranaense. Pela rede, Tessalia faz amigos, conversa, se diverte. Ela se revela, dá opinião, é "dona de si". Mas e no mundo real? No trato com as pessoas, no dia-a-dia, dentro de uma casa vigiada por câmeras, sob o olhar de milhões de espectadores, essa garota, que faz sucesso nas redes sociais, simplesmente sucumbiu. Por isso, ao dizer que se dá melhor com pessoas virtuais, Tessalia aponta que há uma nova forma de viver, de se relacionar, de fugir. É o grito de alguém que reconhece ter dificuldades para atender as expectativas do outro. 

Ela não é única. A internet, as novas tecnologias, as redes sociais formam um universo paralelo que nos realiza e dá prazer. Parecem atender nossos sentidos, a vontade de ser alguém. Nela, fugimos ou nos revelamos. Somos anônimos ou celebridades. Podemos usar todas as máscaras, correr riscos, falar o que desejamos, dar vazão aos nossos instintos de "voyer" expiando, monitorando a vida alheia. Conseguimos nos realizar sendo o que gostaríamos de ser e não o que de fato somos no mundo real. 

O problema é que, quando desligamos o computador, saímos da rede, nos confrontamos com a dura realidade. Nela temos de olhar nos olhos, falar ou agir diante de pessoas que nos veem, que sentem as palpitações de nosso coração. O medo, a insegurança, o desejo de sermos queridos, desejados, aprovados nos sobressaltam, assustam.

Mas se a fuga para o virtual nos consola; por outro lado, não põe fim a eterna angústia de nos sentirmos gente. Se abrirmos mão das pessoas reais, do mundo real, estaremos abdicando do direito de viver.  

Posted via email from Ronaldo Nezo

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Queremos ser notados

Quando foi a última vez que você reparou em seu parceiro? Se for namorado ou namorada, a chance é maior disso ter acontecido recentemente. Quem sabe, ainda hoje. Há poucas horas, ou minutos.

E se for casado? Vem cá... Me conte: você notou quando ela mexeu nos cabelos da última vez?

Não tenho a intenção de fazer uma série "por que os relacionamentos morrem". Mas deixar de ver o parceiro é um outro fator que colabora para o desgaste de um relacionamento. Podem ser coisas simples. Uma blusa nova, um penteado diferente, a cor das unhas, o brinco novo. As mulheres gostam de ser notadas. Tudo que diz respeito à imagem, a aparência delas é importante. E amam quando alguém observa que há algo diferente nelas.

Os homens não se preocupam tanto com isto. É claro que alguns deles também sentem falta de comentários do tipo: "ah... gostei da sua camisa"; "que bonitos os seus sapatos", ou ainda "o que você fez nos cabelos? Estão mais bonitos!". Afinal, a vaidade também está na moda entre nós. E, convenhamos, todo mundo gosta de um elogio.

Por natureza, as mulheres são mais observadoras. Ainda esta semana estava pensando sobre isto. Voltei das férias, retornei ao trabalho e uma pequena mudança no meu visual foi notada basicamente pelas garotas. Elas batem os olhos e já sabem o que há de diferente. E o melhor: falam, comentam, elogiam. Em alguns momentos, é o tipo de coisa que a pessoa precisa ouvir, até para se sentir importante.

Para certos homens isto parece "frescura". Argumentam: "que importância tem a cor do cabelo dela? Por que preciso notar que minha mulher pintou de novo os cabelos? Ou mexeu nas franjas?". Entretanto, volto a dizer, fazer esse tipo de observação mexe com o ego, valoriza a mulher, revela que cada pequena atitude da parceira tem valor para ele.

Como os homens têm uma visão macro, são racionais demais, não se ligam nos detalhes, essa tarefa parece ser das mais difíceis. Mas dá para aprender. Vale treinar. Ficar atento. Tirar os olhos da tevê, do jornal, desligar-se por alguns segundos dos problemas, do trabalho, das preocupações com o dinheiro e olhar. Olhar para quem está do lado. Reparar na roupa que ela está usando, como começou o dia, como preparou a mesa do café.

Sabe, isto vale não apenas para as relações amorosas, para os casais. Ter um olhar mais atento, ver as pessoas, colegas de trabalho, amigos, gente próxima e até que não é tão íntimo, ajuda a aproximar, abrir caminhos, ganhar a confiança, conquistar. Todos querem ser notados. Quando notados, sentem-se vivos, importantes.

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segunda-feira, janeiro 25, 2010

Na segunda, uma música

Quero compartilhar uma música maravilhosa de Amy Grant. A cantora americana é uma das mais premiadas artistas da música cristã contemporânea. Além de grande intérprete, é uma respeitada compositora.
A canção que escolhi é bastante conhecida, "Father's Eyes". Não revela toda a arte de Amy Grant. Há músicas ainda mais belas. Mas esta tem um significado especial pra mim.

Ela começa dizendo:

Eu posso não ser tudo o que mamãe sonhou pra sua garotinha

E meu rosto pode até não agradar a todo mundo
Mas, tudo bem. Enquanto eu puder por um desejo vou orar
E, ao falar dessa oração, revela que seu maior desejo é ouvir as pessoas dizerem:

Ela tem os olhos do Pai, os olhos de seu Pai.

Olhos que encontram o bem nas coisas, quando o bem não é evidente
Olhos que encontram um modo de ajudar, quando a ajuda não pode ser achada
Olhos cheios de compaixão, que enxergam toda dor
Conhece o que você está passando, e tem o mesmo sentimento.
Aqui, você assiste Amy Grant numa versão acústica - voz e violão.


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Para conhecer mais sobre a cantora e compositora, acesse o site dela.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Por que os relacionamentos morrem?

Não há resposta simples. Há várias possibilidades. Entretanto, um motivo em especial me chama a atenção: o abandono da relação. Os relacionamentos esfriam e morrem quando são ignorados por um ou ambos os parceiros. Se o fogo não é alimentado, a chama se apaga.

 

Gosto de pensar a relação como uma pequena fogueira. Entendo a metáfora como apropriada. Afinal, no local onde há fogo, minutos antes existiam apenas alguns pedaços de madeira – ou nem isso. E as chamas de um instante para o outro podem se tornar apenas cinzas. O que determina a manutenção delas é o cuidado para que não falte combustível.

 

Assim funcionam os relacionamentos. Duas pessoas se conhecem e, quando isso acontece, se algo desperta atenção de uma delas, inicia-se um processo de conquista. Pequenas – ou grandes - atitudes tentam aproximar, chamar atenção e despertar o sentimento do outro. Sentimento este que pode, inicialmente, ser apenas de atração, mas que eventualmente se torna paixão ou amor.

 

A conquista é uma fase maravilhosa. Vale tudo para se chegar ao coração. As palavras, os gestos, os olhares... Tudo parece meticulosamente pensado. Claro, as ações nem sempre são conscientes. Mas há uma vontade, um desejo que as move. Essas atitudes têm um objetivo. Por isso, é necessário se esforçar. Há um envolvimento nessa “tarefa”. Pensa-se, discute-se, sonha-se sobre o assunto. Ninguém conquista nada e nem ninguém de braços cruzados.

 

Entretanto, curiosamente, a maioria das pessoas se dá por satisfeita quando alcança seu alvo. Se a intenção era conquistar o coração de alguém, iniciada a relação, passa-se por um período de euforia (motivado pelo sentimento de vitória, de realização), e aos poucos se entra numa nova fase. Mais calma? Não diria. Diria que se trata de uma fase de acomodação. Acomodação que pode resultar no abandono da relação.

 

Por que as ligações para o parceiro não são feitas com a mesma intensidade? Por que os recadinhos deixados sobre a mesa – ou na caixa de mensagens, no celular, enfim... – simplesmente desaparecem? Por que os presentes se tornam tão escassos? Por que os elogios, as palavras de carinho são substituídos pelo silêncio ou até mesmo por críticas e agressões verbais?

 

Somos mesmo seres muito complexos. Nosso comportamento sugere que acreditamos na máxima de que “uma vez conquistado, para sempre conquistado”. Mas não funciona assim. Não somos assim. As atitudes que encantaram na fase da conquista não podem jamais ser negligenciadas. Foram elas que aproximaram duas pessoas e despertaram o sentimento tão especial que fez com que desejassem se entregar e estarem juntas.

 

Sabe, conheço pessoas que até tentam manter as mesmas ações, gestos e palavras. Mas aos poucos se tornam tão mecânicas que o “eu te amo”, “te adoro”, “te quero” passaram a soar como obrigação. Falta sentimento, falta verdade. Há um esquecimento de que a relação se renova com a capacidade de surpreender, fazer novo, diferente a cada dia.

 

Só quem descobre que a vida do relacionamento se dá num exercício diário é capaz de ser feliz.

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segunda-feira, janeiro 18, 2010

Na segunda, uma música

Tenho tentado trazer aqui, às segundas-feiras, uma música que seja significativa pra mim. Hoje, apresento uma banda cristã de rock formada por três irmãs. Rebecca, Alyssa e Lauren Barlow formam a Barlow Girl. Essas jovens têm várias canções belíssimas. Uma delas fala muito ao meu coração. Trata-se de Beatiful Ending. A música revela a tragédia que se tornou a vida humana tendo perdido Deus como referência de tudo. Aponta que nos esquecemos que não somos nós, mas Ele é quem faz o coração bater. E me encanta quando diz:

<em>Então me diga
Qual é o nosso final?
Será que vai ser bonito
Tão bonito?
Será que a minha vida
Encontra o seu lado?</em>

Creio que vale a pena ouvir. E caso queira refletir na poesia da música, aqui está disponível a letra original e sua tradução.

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PS- Caso queira conhecer mais sobre o grupo, veja aqui. E aqui a música de maior sucesso da banda.

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sexta-feira, janeiro 15, 2010

Construindo o futuro

Ando meio sumido... Os textos, escassos. Clima de férias? Sim. E mais que isso. Considero os últimos dias de dezembro e os primeiros de janeiro essenciais para definir como essenciais para definir a vida ao longo de todo um ano. Verdade que é impossível prever tudo. Não dá sequer para traçar com exatidão como será a próxima semana. Os próximos 12 meses? Seria muita pretensão. Ainda assim, é tempo de avaliação. E nada melhor que permanecer introspectivo, ouvir mais que falar, sentir mais que tocar.

No último dia de 2009, postei no blog um texto com o título “2010. Somos nós que construímos”. Uma amiga elogiou a abordagem e apontou que se tratava de uma reflexão consciente para aquele momento. O melhor texto que tinha lido na passagem de ano. Achei exagerado, mas fiquei honrado com o comentário. O motivo é bastante simples: não adiante esperar que caia do céu o ano que desejamos. Nós temos o dever de torná-lo especial, único e de grandes conquistas.

Se notarmos, o que estamos vivendo hoje não é muito diferente do que experimentamos dias atrás quando ainda estávamos em 2009. Isto quer dizer que 2010 é apenas continuidade da vida que já tínhamos. O fato de encerrarmos um ano e iniciarmos outro significa mudança se ela acontecer dentro de nós. A diferença do calendário só se dá na prática se construirmos as mudanças que desejamos. Como havia dito no post, a passagem de ano é simbólica. Podemos tornar especiais os próximos dias do ano novo ou simplesmente repetir tudo que fizemos em 2009. A escolha é nossa.

Se nossa atitude em relação a 2010 for positiva, poderemos construir um ano marcante, transformador – para nós e para as pessoas que nos cercam. Não é o ano que nos presenteia com coisas boas. Somos nós os responsáveis por fazer de 2010 um ano espetacular. Esperar que 2010 nos traga vitórias, abrindo mão de lutar por elas, é abdicar da oportunidade que nos é dada de experimentar a vida plenamente.

Aprendi um pouco mais sobre isto nessa última semana. Passei alguns dias longe de tudo, numa fazenda. O proprietário é um produtor de soja. Fiquei admirado da loteria que ele vive a cada ano. De olho no tempo, esperando a chuva no tempo certo, a aposta por uma boa safra é milionária. Confesso que teria dificuldade para viver como vivem os agricultores. Eles prepararam a terra, plantam, cuidam da lavoura e aguardam... Aguardam pela água, pelo sol, pela temperatura adequada. Se um desses fatores não corresponder à expectativa, a colheita pode ser um fracasso.

Foi isso que aconteceu na safrinha (no meio do ano). Na região onde mora esse fazendeiro, ele e outros produtores tiveram prejuízo. Ficaram com dívidas. Muitas dívidas. Mas não desanimaram. Apostaram mais uma vez, trabalharam firme, o tempo tem colaborado e tudo leva a crer que a safra será recorde. Pude notar que não há agricultor pessimista. As contas serão pagas e novos projetos estão sendo feitos.

Por que isto? Simples. Ninguém está esperando apenas pelos céus. Eles sabem que são sujeitos da própria história. Se ficarem de olho no tempo e abrirem mão de fazerem a parte deles, a chuva poderá vir, o sol aparecer, mas a semente não irá germinar, as plantas não crescerão e o sucesso será apenas um sonho.

Compreendi com esses homens do campo as verdades do texto que postei no blog. Nós construímos o futuro. Então, o que estamos esperando?

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quarta-feira, janeiro 06, 2010

Na segunda, uma música

Tudo bem... Hoje não é segunda. Mas quando a gente está de férias, qualquer dia é dia. E para manter o hábito, publico hoje a música que queria ter apresentado segunda-feira.

A canção é maravilhosa... Fala da certeza que existe Alguém que sempre está por perto pra ajudar. Fala desse Alguém capaz de nos tomar pelos braços. "Promise of a lifetime", da banda Kutless, trata dessa relação entre o homem e Deus. E da música como forma de expressar a dor, a tristeza, a angústia humana. Vale a pena ouvir.

Aqui, um vídeo produzido por um brasileiro com a canção e sua tradução.

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Mas quem quiser ver um acústico da banda, gravado de forma amadora, pode clicar aqui.

Há várias outras canções dessa banda cristã de rock que são especiais. Também gosto muito de Smile, principalmente por sua letra que resume algo simples e poderoso: "um sorriso diz tudo".

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