Blog do Ronaldo

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Nossa dose diária de "bobagens"

Meu amigo Diego Drush publicou hoje no Twitter que todo mundo, de vez em quando, precisa consumir um pouco de porcaria. Para justificar, ele usou Umberto Eco. Não com essas palavras, mas o pensador italiano realmente admite que há uma carência psicológica, biológica por se consumir "bobagens". Quando trata disso, faz referência à produção artística e cultural. Eco, portanto, sustenta que não há problema em se ler, ouvir ou assistir coisas que, digamos assim, são vazias, superficiais, rasas. O argumento de Umberto Eco está no capítulo "A estrutura do mau gosto", do livro Apocalípticos e Integrados.

Não quero aqui entrar no teor da reflexão proposta pelo autor. Afinal, reconhecidamente, a produção artística e cultural - essa da grande mídia - contribui/colabora para a manutenção do que chamamos de alienação. Entretanto, essas mesmas "bobagens" estão no centro de nossas necessidades naturais. Como sobreviver depois de uma semana de muito trabalho e não se deixar levar por algum filme - ou mesmo novela - que nada tenha a dizer? Ou se reunir com amigos num churrasco e deixar de ouvir essas músicas que geralmente tocam em nossas rádios? Dá para imaginar o mesmo cenário - o churrasco - e, no som, uma sinfonia de Beethoven?

Às vezes, precisamos nos deixar levar pelas fotos e fofocas de uma Caras, Contigo... Faz parte daquele relaxamento cerebral que parece aliviar a pressão do dia a dia. O mundo "cor de rosa" dos artistas e celebridades alimenta a ilusão, o imaginário, que também é característico do ser humano. As músicas anestesiam, tocam os sentimentos. As imagens que desfilam na tela tevê ou do cinema mexem com nossas emoções. E nós somos isso: razão, mas também emoção. Dentro do peito bate um coração que reclama sensações que essas "banalidades" proporcionam.

O que devemos entender é o papel dessas "bobagens" em nossa vida. Embora necessárias, não devem ser consumidas sem a compreensão do vazio existencial que produzem. Nunca terão outro papel que não este: atender nossas emoções. E se dependemos delas pra viver, também não devemos ignorar a importância do conhecimento, do saber racional. Portanto, que as "bobagens" diárias que consumimos sejam administradas com moderação.

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