Blog do Ronaldo

sexta-feira, dezembro 31, 2010

Para construir um ano bom


Ando numa fase estranha... Frequentemente estou fuçando em coisas que já escrevi, recordando velhas reflexões. Nesta época do ano, talvez um pouco mais. Fiz isto na véspera do Natal; repeti hoje. Concluí que meu jeito de pensar não mudou muito. Claro, sempre a gente reformula coisas, revê antigas teses e observa que deu um passo adiante. E isto é maravilhoso. Afinal, acredito que quem se orgulha de sempre dizer as mesmas coisas, ter eternamente as mesmas posições, na verdade só está provando que parou no tempo. Estacionou.

Mas esta introdução é só pra começar um texto novo, falando da passagem de mais um ano. Curiosamente, uma coisa nunca muda: meu descontrole do texto. Sempre começo com uma proposta, mas me perco em cada uma das frases. Elas vão surgindo, ganhando vida própria. O que era pra ser, deixa de ser. Às vezes, simplesmente produzo algo completamente diferente do que me propunha a escrever. É mais ou menos o que está acontecendo agora. A ideia era só falar do poder simbólico do início de um novo ano. Parece-me que essa proposta já foi silenciada por algo que sequer havia pensado discutir.

Então, como uma coisa se sobrepôs a outra, uso este último parágrafo escrito em 2010 pra desejar a todos os amigos e leitores um ano novo especial, iluminado, produtivo. É verdade que amanhã só será mais um dia. Um dia que nasce junto com o início de 2011. Também é verdade que, de alguma forma, só trocamos o calendário. Nossos problemas não acabam à meia-noite do dia 31; as tristezas não se dissipam. O que carregamos de ruim ao longo deste ano ainda estará com a gente quando secarmos a última gota do champagne.

Entretanto, pode haver esperança de um novo ano com uma nova vida. A decisão é nossa. Se decidirmos que vamos agir de uma maneira diferente, escolhermos construir ao invés de destruir, amar no lugar de odiar, enfrentar os problemas em vez de os jogarmos para debaixo do tapete, elogiar ainda que o primeiro desejo seja de criticar, calar quando o desejável seria gritar... Se estas forem algumas de nossas atitudes, construiremos sim um ano bom; mais que um novo ano, uma nova vida.  

PS- Cheguei em pensar em mudar o terceiro parágrafo, mas como estava dizendo que o texto ganha vida própria, optei por não tirar de lá o que era minha proposta: escrever ali meu último parágrafo.

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Nossa visão estereotipada de felicidade

Estamos chegando ao final de mais um ano e é impossível não se questionar: valeu a pena? Fui feliz?

Enquanto tento desenvolver este texto, ouço a reapresentação de uma das entrevistas que fiz no Questão de Classe. Nela, falávamos sobre a eterna busca pela felicidade. A primeira coisa que pensava acompanhando de novo o papo com a psicóloga Isla Gonçalves é: será que sabemos o que é felicidade?

De alguma forma, em função de tudo que a mídia nos apresenta, temos uma visão estereotipada da felicidade. A gente entende o ser feliz como resultado de conquistas. Transferimos felicidade para o ter coisas ou até pessoas. É feliz quem tem dinheiro, quem viaja, quem tem o melhor carro, a casa dos sonhos, a mulher mais bonita, tem vida sexual agitada, veste as melhores roupas etc etc.

Embora não seja simples definir a felicidade - e nem tenha a pretensão de fazê-lo -, sempre penso num estado de espírito em que exista paz interior, sensação de completude. Acontece que, nos dias em que vivemos, são experiências quase impossíveis. Portanto, ser feliz ou estar feliz parece-me resultado de uma vida para além dos prazeres - ainda que estes sejam importantes e necessários.

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Os opostos se atraem?

Claro. Mas os semelhantes, também. Agora se a pergunta for "opostos podem dar certo?", a reposta seria: "talvez". Conversava sobre isto com uma amiga. Falávamos das diferenças de personalidade, dos gostos e de hábitos.

A ideia de que os opostos se completam funciona em alguns aspectos. Por exemplo, dificilmente vai dar certo uma relação entre duas pessoas ansiosas. Como também não vai ter sintonia um casal em que ambos ficam nervosos facilmente. Sempre é preciso ter o equilíbrio. Se um é econômico demais, é bom que o outro seja um pouco mais liberal - e o inverso também.

Entretanto, como conciliar diferenças do tipo: um adora sair, curtir lugares movimentados e o outro prefere a discrição, espaços reservados? Ou, um ama expor todos os problemas pros amigos, amigas, conta tudo; o outro tem sua vida privada num cofre fechado a "sete chaves"? Vai ter conflito.

Hábitos, gostos e comportamentos podem ser determinantes num relacionamento. Para o bem ou para o mal. Acredito que uma boa convivência se constrói através de concessões. Porém, ninguém pode se anular a ponto de abrir mão de sua própria personalidade. Se isto acontecer, a pessoa morre aos poucos. Por outro lado, se as diferenças forem significativas, também não há chance de serem felizes.

Se o desejo é ter uma relação duradoura, o melhor é investir em alguém que viva e faça coisas que admira, gosta e compartilhe.


terça-feira, dezembro 28, 2010

Foto da calcinha e o fim da privacidade


Vi há pouco uma notícia curiosa:

A informação está um pouco confusa. Não dá pra entender muito bem o que aconteceu. Entretanto, lembrei de outras discussões que fiz por aqui: o fim de nossa privacidade. Até brinquei com um amigo: - o Google vai acabar com nossos segredos.

Ainda é cedo pra dimensionar o tamanho da invasão de privacidade proporcionado pelas novas ferramentas tecnológicas. Algumas situações são expostas por nós mesmos. O exibicionismo na rede é assustador. Algumas vezes, sem consequências; outras, nem tanto.

Hoje, é fácil saber da vida de uma pessoa sem ao menos conhecê-la. Basta segui-la no twitter, num blog, pelo facebook ou outra rede social qualquer. Entretanto, o que dizer dos registros em imagens feitos pelo Google?

Com suas diferentes ferramentas, não é raro encontrar depoimentos de pessoas que sentiram ter sua privacidade invadida porque suas casas, propriedades etc foram fotografadas pelo Google. Essa mulher viu uma foto da calcinha dela parar na rede. Poderia ter sido o flagra de um beijo ou outra cena qualquer. 

Acontece que nem tudo na nossa vida é público. Ou queremos tornar público. Mas como evitar o Big Brother da vida real? Parece-me quase impossível. Seja pelas imagens captadas pelo Google ou pelas câmeras de segurança que vão se espalhando por nossas cidades, nossa vida é cada vez menos nossa. 

Seria simbólico, mas queria uma despedida oficial de José Alencar

Fico impressionado com a luta pela vida empreendida pelo vice-presidente José Alencar. Nesses oito anos de mandato, já perdemos as contas de quantas vezes foi internado, passou por cirurgias. Agora, na reta final do governo, Alencar está internado. Sua hemorragia não cede aos procedimentos médicos. O Brasil acompanha o drama do vice-presidente e torce para que ele vença mais uma vez a doença. Mas desta vez a situação parece mais complicada. O próprio fato de a hemorragia persistir já sinaliza a complexidade do momento. 

Cá com meus botões, gostaria de vê-lo descer a rampa do Planalto, despedir-se do governo e viver este último ato oficial ao lado de Lula, das Marisas (mulher de Lula e também da esposa dele) e da presidente Dilma. Seria simbólico. Ainda assim, entendo como uma forma de José Alencar sentir que sua missão está completa - uma espécie de adeus à política e, talvez, à vida. E isto debaixo dos aplausos de uma multidão que, independente de bandeiras partidárias, admira sua luta.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Na segunda, uma música

A banda surgiu na década de 1980. Teve seu auge num período em que outras tantas bandas arrebentaram. Entretanto, o tempo passou e apenas as melhores sobreviveram. Entre elas, o Paralamas do Sucesso. Embora não tenha uma voz maravilhosa e nem firmeza nas interpretações, Herbert Vianna é um músico genial, um grande compositor. Por isso mesmo, soube como poucos liderar o grupo em períodos em que o gênero produzido pelo Paralamas e outras bandas não era o mais consumido pelo público. Nesta segunda, compartilho uma de suas belas músicas, Aonde quer que eu vá. 

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Foi pelas pessoas que veio o Cristo do Natal

A gente chega a este dia 24 de dezembro, véspera de Natal, com aquela sensação de: "espera aí, o que aconteceu? Onde eu estava em março, junho, setembro... Como assim? Já é Natal?". Se você me acompanhou por aqui no ano passado, nessa mesma data, deve lembrar que falei da urgência do tempo, da maneira apressada como vivemos e da impressão que dá de que tudo passou rápido demais. É verdade. Passou rápido demais. E mais um ano está indo embora. É Natal. Já é possível ouvir o som dos sinos, as boas conversas e risadas ao redor da mesa. Mas tudo isso também vai passar pra daqui a pouco comemorarmos a passagem de mais um ano e "estreia" em 2011.

Falar pra você "vamos aproveitar melhor o tempo, curtir intensamente cada momento" até parece um discurso repetitivo. Entretanto, não nos resta algo muito diferente. Afinal, o que importa na vida são os bons momentos que vivemos. As experiências mais profundas. Tudo mais é descartável. A gente esquece. Por isso, neste Natal o melhor é abrir o coração para as pessoas que amamos. A comida, a bebida, a música fazem parte apenas de um cenário em que os protagonistas devem ser cada de nós - nossa mulher, o marido, o namorado, a namorada, os filhos, os pais, os sogros... enfim, gente. São as pessoas que realmente importam. Gente é que faz a vida valer a pena. Foi pelas pessoas que o Cristo, do Natal, veio a este mundo - nascer, morrer e ressucitar.

Então, que este seja o nosso sentimento neste Natal. Aproveite. Curta. Viva as pessoas que ama, viva o melhor Natal.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Observando, refletindo e aprendendo

Tempos atrás uma leitora e amiga questionou sobre a "inspiração" para meus textos. Ela comentou que tinha a impressão que sempre escrevo com base na observação de coisas que acontecem ao meu redor. De certa forma, é bem isso mesmo. Traduzo em palavras o que vejo, escuto ou mesmo o que sinto. Os textos são resultado de minhas observações, vivências. E as conclusões, posicionamentos que tenho, fruto do aprendizado, leituras e experiências - até mesmo de outros.

Na verdade, a vida nos concede diariamente muitas oportunidades de aprendizagem. Basta se dispor a ouvir os "sons" do mundo. Tudo nos ensina. Desde as conversas mais banais até as tantas vezes que nós, ou pessoas próximos de nós, "quebram a cara". Quando queremos parar, observar temos a chance de refletir, logo, aprender.

Dia desses conversei com uma pessoa sobre seu relacionamento. De alguma forma, ela tem estado um tanto ausente e não dá conta de demonstrar seus sentimentos de maneira a fazer a outra pessoa se sentir segura - ou tranquila na relação. Ela concluiu: "acho que nunca aprendi a amar".

Brinquei que o tempo em que está convivendo, dividindo sua vida com outro alguém, certamente já pôde ensinar muita coisa. Inclusive a maneira de amar, demonstrar amor. E completei que para isso bastaria observar um pouco mais seu modo de agir e o modo de agir do outro. A observação ensinaria. E muito. Acrescentei que se não buscasse esse aprendizado nunca seria feliz.

Sei que o ato de parar e contemplar está fora de moda. A gente nunca observa na busca por aprender algo; observa-se para apontar erros, criticar. Entretanto, inverter essa lógica pode ser o começo de uma forma nova de viver, de entender de gente, da comunidade em que vivemos e do mundo que transcende o nosso umbigo.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Há professores que prestam um desserviço à educação

Sou professor e também por isso procuro defender os educadores, inclusive das críticas que meus filhos fazem a alguns deles. Hoje, minha pequena falava de uma professora. Ela só tem nove anos. Está longe de entender toda a complexidade do ser humano. Mas chama a atenção o que minha filha contava a respeito dessa mestre. 

Segundo ela, nos momentos de tensão em sala, a professora dizia aos alunos coisas do tipo: 

- Se eu soubesse que ia ser assim, tinha ficado em casa, com minha filha. Deixo minha filha em casa pra dar aula pra vocês. Vocês são muito bagunceiros. Não merecem que a gente venha aqui dar aulas. 

De verdade, sair de casa todos os dias, deixar uma filha pequena pra encarar uma sala de aula repleta de crianças, muitas delas indisciplinadas, não é tarefa fácil. Entretanto, por escolha consciente ou não, o educador optou por essa profissão. Não dá pra simplesmente dizer que é vítima. E ao assumir tal papel comprometeu-se com uma profissão cheia de desafios. Entre eles, enfrentar a dura rotina de ensinar quem nem sempre está muito disposto a aprender. Ainda assim, faz parte de sua missão despertar o desejo pelo aprendizado. Não dá pra esperar que a criança saia de casa desejando preencher páginas e mais páginas com exercícios e atividades diversas que são listadas no quadro-negro. 

Por isso, é quase um crime a resposta de alguns professores a esse tipo de pressão. O trabalho dos professores em nosso país não é devidamente reconhecido. Isto é uma verdade. Mas também é verdade que muitos deles não deveriam estar em sala de aula, pois prestam um desserviço à educação. 

terça-feira, dezembro 21, 2010

Por um mundo mais simples

Embora entenda que tudo precisa de organização, tenho pavor de burocracia. O que pode ser simples fica difícil. Tudo por causa de uma rotina muitos vezes mal explicada e até desnecessária.

Ontem, por exemplo, enquanto acertava a rematrícula de meus filhos na escola que estudam, a diretora solicitou que providenciasse uma série de documentos - inclusive o básico, RG e CPF. Não resisti e questionei:

- Mas por que preciso trazer esses documentos, se entreguei todos eles no ano passado?

Na verdade, não foi apenas no ano passado. Meus filhos estão na mesma escola desde a pré-escola. Como o mais velho vai cursar o primeiro ano do Ensino Médio, dá pra ter uma ideia de quantas vezes já providenciei a papelada. Afinal, todo ano é a mesma coisa.

Não responsabilizo a diretora. Por sinal, é uma pessoa maravilhosa, que admiro e respeito. Porém, não consigo entender essas coisas. Na faculdade em que leciono também dessas coisas. Papéis que a gente entrega todos os anos e precisa apresentar de novo e de novo... Faz parte da burocracia.

Eu não faço parte do grupo de pessoas que consegue simplificar tudo. Até sou bem complicadinho. Ainda assim tenho tentado aprender a fazer da maneira mais fácil. E sonhado com um mundo menos complicado... Pra facilitar a vida da gente, pra sobrar mais tempo e pra garantir uma vida menos estressada.

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Entre despedidas, encontros e reencontros

Dia desses falei aqui sobre despedida... Falei sobre meus alunos. Mas aquele mesmo sentimento se repete noutras situações. Na última sexta-feira, dei um abraço em meu amigo e produtor Fábio Guillen. Foi o último dia dele na CBN Maringá. Ele é o novo contratado da Gazeta Maringá. A partir desta segunda-feira, o jovem jornalista assume novos desafios. Só posso desejar sucesso, com a certeza de que isso vai mesmo fazer parte da vida dele.

Enquanto alguns se vão, outros ficam mais próximos. É o caso de Carina Bernardino. Ao longo dos últimos anos, trabalhamos juntos algumas vezes. Porém, ela era responsável pela produção do jornal da tarde. Agora vai cuidar de nossas manhãs. Na verdade, nessas próximas semanas, estará comigo nos dois horários - manhã e tarde -, até que  um novo amigo chegue para trabalhar com Gilson Aguiar. Por sinal, amigo mesmo. Meu aluno Diego Fernandes, ou Diego Drush, volta para a CBN, agora... pra ficar.

É o ciclo da vida. Infelizmente, a gente nunca mantém as pessoas por perto para sempre. Por outro lado, felizmente, temos sempre o prazer de fazer novos amigos ou de reencontrá-los em situações especiais. Com idas e vindas, a vida segue. E nosso desejo é de que entre despedidas e encontros possamos ter amizades sinceras, companhias e companheiros que façam nossos dias valerem a pena.

PS- Na foto, este blogueiro e a jornalista Carina Bernardino.

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Dezembro, estresse, festas, comida, balança... pra começar "tudo de novo"

Não lembro bem onde... Acho que foi no Fantástico. No último fim de semana, vi uma reportagem dizendo que dezembro é o mês mais estressante do ano. Achei alguma coisa sobre o assunto numa página da Veja. Com base numa pesquisa, a reportagem diz que o nível de estresse aumenta 75% no último mês do ano.

É bem razoável. A correria de dezembro é mesmo assustadora. Quem trabalha no comércio, trabalha várias horas a mais, atende uma quantidade imensa de cliente, ouve dezenas de desaforos e sobrevive sabe-se lá como. Quem vai às compras, vive o inverso. Encontra vendedores cansados, mal humorados e outros tantos consumidores impacientes. Além disso, faltam vagas de estacionamento, os preços são sempre mais altos etc etc.

Dezembro é cansativo e estressante pra todo mundo - inclusive pra professor, principalmente por ver tantos alunos enlouquecidos com medo de serem reprovados. Enfim, só quem sai de férias no início do mês e viaja para uma praia, um hotel... consegue escapar dessa agitação toda. E tem a pressão por preparar as festas e por participar de festas. Já viu quantas festinhas são feitas neste mês? É amigo secreto, inimigo secreto, confraternização... Loucura geral!

Junto com o estresse, tem comida demais. Uma combinação bombástica. Vive-se pior, come-se mais. É quase impossível escapar de dezembro sem ganhar alguns quilos. Mas faz parte desse nosso jeito maluco de ser. O curioso é que dezembro é só mais um mês. O último do ano, é verdade. Mas os dias que virão em janeiro apenas serão, como sempre foram, "um dia após o outro". E tudo pra chegar em dezembro novamente.

Uma vida pra justificar

Já notou que estamos sempre nos justificando? Ou justificando atitudes, ações que realizamos ou deixamos de realizar? Dias atrás pensava sobre isto. Recordei inclusive de um texto que escrevi tempos atrás. Nele, falava de nossa constante busca por aprovação. Na tentativa de controlar o que as pessoas pensam de nós, vivemos a eterna busca por argumentos que expliquem nossos comportamentos.

Embora seja natural essa preocupação com a imagem - ou com a aprovação alheia -, eu diria que gastamos tempo e energia nessa tentativa quase inútil.

Quase inútil, porque ainda que existam justificativas para tudo que fazemos (ou deixamos de fazer), nem sempre serão suficientes para o outro. A gente pode explicar um atraso, mas será que muda alguma coisa? Pode-se explicar um erro, mas é possível corrigi-lo? Pode-se explicar uma grosseria, mas será que põe fim à mágoa? Pode-se dizer "não fiz", mas é suficiente para pôr fim à desconfiança?

Justificar nossos atos até pode ser um comportamento educado, gentil; uma forma de respeito ao outro. Mas quando se justifica em excesso talvez seja sintoma de insegurança, medo de perder, baixa auto-estima ou até mesmo incapacidade de fazer a coisa certa. Ainda penso que em alguns momentos o melhor a dizer é: "desculpe-me, errei; não vai mais acontecer". Ou ainda: "desculpe-me, mas não dou conta de atender você".


quinta-feira, dezembro 16, 2010

Filhos mimados; filhos castrados

Por uma dessas razões que a gente desconhece, trombei ontem com um texto meu de agosto de 2009. Tratava nele da incapacidade de alguns pais educarem seus filhos. Falava que existem pais frouxos; e que pais frouxos criam filhos dominadores. Encontrar esse texto foi curioso porque pensava justamente numa situação envolvendo uma família que pouco conheço, mas que se comporta de uma maneira questionável - no que diz respeito ao trato com os filhos.

Recentemente vi um de seus filhos, já adulto, homem feito, ser defendido pelo pai. Mas não era uma defesa qualquer... Era numa situação em que o próprio jovem deveria ser capaz de fazê-lo. Não vou contar o caso, pra evitar exposição - ou identificação dos personagens. Entretanto, para se ter uma ideia do tipo de interferência, vamos fazer de conta que o fato fosse este: o cara tira nota baixa na universidade e a mãe vai tirar satisfação com a professora. Consegue imaginar? Dá pra pensar no que representaria um marmanjo precisar da mãe pra discutir nota com a professora? Pois é... O que dizer? O que dizer dessa família? O que dizer desse filho? 

Eu diria o seguinte: esses pais roubaram desse jovem o direito de ser homem. Alguém que chega à fase adulta e não é capaz de cuidar de si próprio, tomar as próprias decisões, continua criança. O problema é que, infelizmente, situações como essa se repetem em inúmeras famílias. São pais que castraram seus filhos; não os deixaram crescer. Se um dia quiserem ser gente, vão precisar de ajuda profissional. E talvez nunca se tornem homens e mulheres de verdade. 

Educar um filho implica em permitir que sofram. O mesmo sofrimento que produz frustração, decepção... a mesma derrota que gera dor... são as melhores ferramentas para nos levar ao amadurecimento, à experiência, tornando-nos seres humanos melhores, mais sociáveis, relacionais. 

PS- A foto é só ilustrativa. Brincar com os filhos não os torna mimados. Rsrs.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Facebook e as novas experiências

Esse mundo tecnológico me assusta. Falava há pouco com o Murilo Battisti sobre o Facebook. Lembrávamos que, tempos atrás, só tínhamos um ao outro naquela rede social. Na época, chegamos a brincar que era preciso "destronar" o Orkut como rede mais popular. Afinal, nunca fomos fã do Orkut.

Depois de "viajarmos" nas lembranças, o Murilo encontrou a data do comentário que trocamos: 28 de janeiro de 2009. Tudo bem; vai fazer dois anos. Mas para tudo... Dois anos depois, o Orkut está em decadência e o Facebook, no Brasil, já ocupa uma posição invejável. E detalhe, com potencial para se tornar líder entre as redes. No meu caso, por exemplo, já tenho muito mais "amigos" pelo Facebook que pelo Orkut.

Na verdade, vivemos o tempo da descoberta. O desejo no novo, da experiência, do diferente nos move. Não importa o quê, quando, onde, como e por quê. Tudo vence muito rápido, sai de moda e precisamos de uma novidade. Vale para o carro que compramos, a roupa que usamos, até para as pessoas com as quais nos relacionamos. Não há apego. Apenas queremos outras sensações; sensações ainda não sentidas.

No caso do Facebook, é muito bem-vindo. A ferramenta é mais completa, funcional e oferece inúmeras possibilidades. Há outras tantas novidades que também facilitam a vida da gente. Considero apenas que não podemos perder a capacidade de apreciar o que há de bom entre as "velharias". Há coisas que precisam e devem ser preservadas. Para o nosso bem e bem de todos, viver é saber fazer boas escolhas.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Na segunda, uma música

Gosto de postar a música pela manhã... Nem sempre é possível. Mas cá estamos. Para hoje, reservei uma música que já compartilhei no Facebook na sexta-feira à noite. É uma canção maravilhosa de um grupo de mulher que curto demais. Estou falando do Celtic Woman. Essas cantoras irlandesas são simplesmente maravilhosas. Além de belas, possuem vozes incríveis e a interpretação que dão para as músicas é sempre encantadora.

A versão que estou disponibilizando hoje é a original do DVD. Está na página do grupo no Youtube. Logo, demora um pouco pra carregar. Mas vale a pena. A música é "You raise me up" - ou, "Você me levanta".

Entre outras coisas, a canção diz:


Você me levanta para andar em mares tempestuosos
Eu sou forte quando estou em seus ombros

É isso. Então... vamos à música.

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Meus alunos, minha vida

Não gosto de despedidas. E com meus alunos acabo sentindo essa sensação de "despedida" todas as vezes que concluem o terceiro ano da faculdade. Não trabalho com o último ano. Mantenho contato, mas a rotina de aulas, trabalhos e atendimentos praticamente se resume às ações burocráticas da coordenação dos Trabalhos de Conclusão de Curso.


Hoje, ao falar com um de meus alunos que se despedem do terceiro ano, senti esse aperto no coração. O aperto da despedida. No início da semana, já tinha tido esse mesmo sentimento ao falar com outra acadêmica. A gente acaba desenvolvendo uma relação que não é só aquela de professor-aluno. Até pela maneira como entendo o ensino, vou além e busco uma proximidade que tem muito afeto. Por isso, o fim de um ciclo acaba por ser uma despedida.

É prazeroso ver que, ao longo dos três primeiros anos, pude exercer influência sobre a vida deles, oferecendo mais que ensino teórico e prático. É gostoso notar que muitos deles cresceram, ampliaram a visão de mundo, são mais ativos socialmente, alguns até engajados em questões pelas quais se vale lutar.

Daqui algum tempo serão meus colegas de profissão. Jornalistas, assessores e até professores. Aqui comigo ficará sempre o sentimento de que não apenas passaram pelas minhas aulas; também fizeram parte da minha vida.

Meus alunos, minha vida

Não gosto de despedidas. E com meus alunos acabo sentindo essa sensação de "despedida" todas as vezes que concluem o terceiro ano da faculdade. Não trabalho com o último ano. Mantenho contato, mas a rotina de aulas, trabalhos e atendimentos praticamente se resume às ações burocráticas da coordenação dos Trabalhos de Conclusão de Curso.

Hoje, ao falar com um de meus alunos que se despedem do terceiro ano, senti esse aperto no coração. O aperto da despedida. No início da semana, já tinha tido esse mesmo sentimento ao falar com outra acadêmica. A gente acaba desenvolvendo uma relação que não é só aquela de professor-aluno. Até pela maneira como entendo o ensino, vou além e busco uma proximidade que tem muito afeto. Por isso, o fim de um ciclo acaba por ser uma despedida.

É prazeroso ver que, ao longo dos três primeiros anos, pude exercer influência sobre a vida deles, oferecendo mais que ensino teórico e prático. É gostoso notar que muitos deles cresceram, ampliaram a visão de mundo, são mais ativos socialmente, alguns até engajados em questões pelas quais se vale lutar.

Daqui algum tempo serão meus colegas de profissão. Jornalistas, assessores e até professores. Aqui comigo ficará sempre o sentimento de que não apenas passaram pelas minhas aulas; também fizeram parte da minha vida.


quinta-feira, dezembro 09, 2010

Nossa dose diária de "bobagens"

Meu amigo Diego Drush publicou hoje no Twitter que todo mundo, de vez em quando, precisa consumir um pouco de porcaria. Para justificar, ele usou Umberto Eco. Não com essas palavras, mas o pensador italiano realmente admite que há uma carência psicológica, biológica por se consumir "bobagens". Quando trata disso, faz referência à produção artística e cultural. Eco, portanto, sustenta que não há problema em se ler, ouvir ou assistir coisas que, digamos assim, são vazias, superficiais, rasas. O argumento de Umberto Eco está no capítulo "A estrutura do mau gosto", do livro Apocalípticos e Integrados.

Não quero aqui entrar no teor da reflexão proposta pelo autor. Afinal, reconhecidamente, a produção artística e cultural - essa da grande mídia - contribui/colabora para a manutenção do que chamamos de alienação. Entretanto, essas mesmas "bobagens" estão no centro de nossas necessidades naturais. Como sobreviver depois de uma semana de muito trabalho e não se deixar levar por algum filme - ou mesmo novela - que nada tenha a dizer? Ou se reunir com amigos num churrasco e deixar de ouvir essas músicas que geralmente tocam em nossas rádios? Dá para imaginar o mesmo cenário - o churrasco - e, no som, uma sinfonia de Beethoven?

Às vezes, precisamos nos deixar levar pelas fotos e fofocas de uma Caras, Contigo... Faz parte daquele relaxamento cerebral que parece aliviar a pressão do dia a dia. O mundo "cor de rosa" dos artistas e celebridades alimenta a ilusão, o imaginário, que também é característico do ser humano. As músicas anestesiam, tocam os sentimentos. As imagens que desfilam na tela tevê ou do cinema mexem com nossas emoções. E nós somos isso: razão, mas também emoção. Dentro do peito bate um coração que reclama sensações que essas "banalidades" proporcionam.

O que devemos entender é o papel dessas "bobagens" em nossa vida. Embora necessárias, não devem ser consumidas sem a compreensão do vazio existencial que produzem. Nunca terão outro papel que não este: atender nossas emoções. E se dependemos delas pra viver, também não devemos ignorar a importância do conhecimento, do saber racional. Portanto, que as "bobagens" diárias que consumimos sejam administradas com moderação.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Futebol e comportamento: algumas lições

Nada contra quem gosta de futebol. Eu até aprecio. Mas não consigo ficar duas horas diante da televisão para ver uma partida. O jogo tem que ser muito importante, e empolgante, para eu assistir um único tempo. Então, sou suspeito pra criticar o comportamento de alguns torcedores. Mas, como blog é blog, é pessoal, e aqui é quase meu diário na rede, posso me atrever a falar sobre o que gosto ou não gosto.

E uma das coisas que me incomoda é ver o torcedor falar o tempo todo durante o jogo, reclamar, xingar, acenar, pular no sofá. Vale para decisões? Digamos que sim. Vale para jogos do Brasil? Vale. Mas acho que cabe um certo bom senso, principalmente para partidas menos relevantes.

Como pai de um corintiano, completamente passional, sei bem o que é ter um torcedor desses que falam, reclamam o tempo todo. Se depender do adolescente que tenho em casa, ele assiste tudo. Até jogos de varzea. E vai "brigar" com o juiz, falar que o atacante é "perna de pau", ficar nervoso com a zaga... E aí o negócio é ver o espetáculo dele; não do que passa em campo.

Quando observo o comportamento dele e de outros tantos torcedores, não encontro razão alguma para tanta paixão. Particularmente, assisto esporte por diversão. Sem sofrimento. Não é o caso do meu filho e nem de outros tantos milhões de fãs de futebol e de outras modalidades.

Porém, o que mais me chama a atenção é a maneira tão diferente como somos. É incrível ver como pessoas que vivem numa mesma casa podem  agir de forma tão distinta. É a riqueza do ser humano. Compreender essas diferenças é o primeiro passo para o respeito e boa convivência seja numa família, seja no trabalho ou em qualquer outro ambiente. O maior erro que alguém pode cometer é tentar colocar todas as pessoas numa espécie de fôrma e esperar que se comportem de maneira semelhante.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Amizades preciosas

Gravei há pouco uma entrevista sobre amizade. Vai pro ar na próxima quinta-feira pela CBN Maringá. A discussão, com um certo tom filosófico, foi uma das melhores que tive neste último semestre. E me fez refletir um pouco mais sobre o que é amizade. Amizade tem a ver com amor. Mas não é a mesma coisa. Até porque amigo a gente escolhe; amor, não. O amor acontece; a amizade é uma opção e implica em interesses comuns.

Acontece que vivemos dias em que esse tipo de relação está em crise. Ninguém quer se comprometer - isso vale, inclusive, para o amor. Sem comprometimento, não há vínculo; sem vínculo, a amizade verdadeira não prospera.

Além disso, embora as redes sociais permitam a aproximação, elas não garantem a amizade. Esta pode até nascer ou ser alimentada pelo facebook, twitter, orkut etc. Contudo, a superficialidade característica dessas redes não produz amizade. Afinal, amigo é aquele com quem a gente conta quando a "casa cai". Quando a gente faz uma bobagem enorme, identifica-se o verdadeiro amigo. Ele não abandona. Pode não apoiar seu erro, mas estende a mão. Quando o dinheiro acaba, quando se perde o emprego, quando se envelhece... descobre-se a amizade.

Por isso, amigos são raros. Por isso, os poucos que conseguimos manter, são mais valiosos que as mais preciosas jóias.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Pequenos ou grandes remendos para continuar vivendo

Fui pegar o cartão de uma das contas bancárias a fim de passar uns dados para o administrativo da empresa e me surpreendi com o estado do "coitado". Remendado, quebrado agora em mais um lugar e com os números e letras praticamente inelegíveis. Enquanto buscava uma fita adesiva para tentar salvar o velho cartão, fui levado a pensar em nossa vida. Fiquei imaginando: quantos de nós seguimos remendados e precisando de novos reparos pra continuar vivendo?

Todos temos problemas. Alguns deles deixam arranhões; outros causam feridas; e têm aqueles que chegam a nos quebrar por inteiro. Recuperar-se e continuar a jornada é necessário. Não dá para desistir de viver. Embora por vezes a vida possa perder o sentido, nada é mais precioso do que viver. Por isso, sempre vale insistir, tentar de novo - de preferência, de um novo jeito.

Depois das fraturas que sofrermos, dos dias de tempestade, semelhante ao meu cartão bancário, é provável que, ao olharmos para o espelho, encontremos vários remendos. Talvez as letras já estejam um tanto apagadas. Quem sabe nem seja possível identificar algumas de nossas histórias, e outras até tenham que ser silenciadas pelas lembranças dolorosas. A ação do tempo e dos problemas corrompe o plástico do cartão, mas não é capaz de atingir a conta bancária. Por isso, se nossa alma resistir, teremos "saldo" (energia) e vida pra viver.