Os padrões de beleza mudam. Mudam-se os tempos, mudam-se os gostos estéticos. Os filósofos gregos quando começaram a discutir o “belo” acabaram por criar uma espécie de cânon de beleza. Alguns daqueles valores referenciaram a sociedade daquela época. Entretanto, outros foram eternizados. Permanecem, pois reproduzem leis invariáveis da estética. Estas estariam relacionadas à capacidade de produzir prazeres autênticos. Platão, por exemplo, fala da relação entre harmonia e bondade de caráter, do bom comportamento, da simplicidade, da alma humana dotada de bons sentimentos, amor. O belo, portanto, não estaria apenas na aparência, naquilo que se vê na exterioridade.
Mas aqui a proposta não é refletir sobre o pensamento teórico que fundamenta as discussões estéticas. Apenas intenciono pensar alto sobre o que publicou a Época na edição desta semana. A revista traz uma ótima reportagem sobre a beleza feminina no século XXI. Com o título “A beleza da força”, a Época sugere que o corpo musculoso parece representar uma nova estética feminina. São mulheres que malham, que gastam horas na academia para definir braços, coxas, abdome, bumbum. Elas têm mais que medidas perfeitas e corpos durinhos – com pouca ou nenhuma flacidez. Possuem músculos.
A pergunta que norteia a reportagem é: essas mulheres saradas são realmente bonitas?
Difícil responder. O assunto é polêmico. Gostos são culturais. E numa sociedade onde se convive com a diversidade, nem sempre o que agrada a um grupo de pessoas é capaz de agradar a todos.
Nas passarelas, por exemplo, não há espaço para mulheres bem torneadas. Lá é o reino das magras, quase anoréxicas. As formas não são valorizadas. Por isso, não é incomum dizer que as modelos são uma espécie de “mulher cabide”.
Os produtos de mídia – na tevê, revistas etc – também destacam as magras. Mas os tipos são um pouco mais variados. As “gostosas” são as que mais fazem sucesso. Elas aparecem nas capas das publicações, são referência de saúde e beleza – além de serem as preferidas dos fotógrafos para as revistas de fofocas e celebridades.
Mas e no mundo real? No reino das milhões de anônimas espectadoras desse padrão estético que domina a moda e a mídia?
Uma coisa é certa: elas estão insatisfeitas. São pressionadas a reproduzirem a beleza das modelos, atrizes e das musas do carnaval. Se olham no espelho e só conseguem ver o que falta. Ou que o que sobra. E é verdade… Anda sobrando muito mais. Afinal, tem crescido o número de pessoas com sobrepeso ou obesidade.
Bem, no mundo real, o que nós homens também opinamos – ou pelo menos gostaríamos de nos fazer ouvidos -, agradam os olhos aquelas que preservam a feminilidade. E aqui a aparência tem importância, mas não é só isto. Somos capazes de ignorar uma ou outra celulite, algumas curvinhas fora do lugar.
Mulheres fortes parecem ocupar o lugar do homem. Músculos são sinais de força – historicamente, característica muito mais masculina.
Desejamos mulheres que sejam diferentes de nós. De corpo e alma. Queremos mulheres que cuidem do corpo, mas que saibam que preferimos formas graciosas e preservem o jeito feminino de ser.
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