A vida é mesmo cheia de surpresas e mistérios. Há momentos em que o mundo parece sorrir para você. Noutros, tudo perde o sentido. O curioso é que na maioria das vezes isto acontece dentro de nós. Está na nossa mente. Origina-se em nossa incapacidade de ver com outros olhos. Ficamos tão focados em nossas emoções que sequer percebemos que não somos o centro do universo.
Por que a ligação que não veio nos perturba tanto? Por que a resposta que não recebemos nos soa como uma rejeição? Por que o sorriso que não vimos nos lábios de alguém nos parece falta de amor? Por que a pressa do outro entendemos como desprezo? Por que temos que ouvir tantas vezes que somos amados?
Porque há momentos em que projetamos um universo irreal. Idealizamos as pessoas, nossos amores sob a perspectiva que temos. Queremos ver ou ouvir uma vez após outra que somos importantes, amados, desejados. O sofrimento nasce em nós nesse complexo mar de emoções que nem sempre podemos decifrar.
Sabe, embora a razão torne a resposta simples, nosso coração não aceita. Gostaríamos que as coisas fossem diferentes. Não queremos aceitar que as linhas que escrevemos nem sempre se assemelham à história real.
Mas, não seria maravilhoso se sempre o cantar dos pássaros fosse tão expressivo e pudéssemos ouvir música no ar? Afinal, há dias em que acordamos assim. Até o incômodo som do despertador parece um convite para dançar.
Entretanto, por razões que a própria razão desconhece, o mesmo som que nos entusiasma causa furor. Os mesmos estímulos que nos fazem amar também nos fazem odiar. O que causou sorrisos ontem, hoje despertam nossas lágrimas. Inexplicável a complexidade do nosso ser.
O que é mais lamentável é a tendência de sempre responsabilizarmos o outro, o mundo e até mesmo os céus por coisas que só dizem respeito a nós. É verdade que não entendemos este mar de emoções. Mas elas são nossas. Ninguém tem culpa do que acontece no coração. Então, por que nosso sofrimento nos faz roubar o prazer de quem é inocente?
Não são raras as vezes que nos fazemos de vítimas quando a vítima de fato é a outra pessoa. Aquela com o qual convivemos – nosso amigo, amiga, marido, mulher, namorada… Está ali, diante de nós, não sabe o que passa em nosso coração e a olhamos como se fosse a origem da dor que sentimos. Chegamos ao ponto de despejarmos nossas frustrações sobre ela apenas porque queremos que experimente o que estamos sentindo, descubra, sozinha, o queremos.
Eu concluo… A insegurança é uma das causas das nossas mudanças de humor. Parece ser preciso ser rodeado de carinhos, bajulações, sorrisos e inúmeros “eu te amo” para entendermos o quanto significamos na vida de alguém. O problema é que essa mesma insegurança, que nos mata aos poucos, corrói o sentimento que o outro tem por nós. As pessoas não se sentem bem ao lado de quem não sabe viver.
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