No último domingo ouvi uma música que me fez pensar numa séria de coisas… E que motivou este texto. Por sinal, a arte deve ter esta função: emocionar, provocar, fazer-nos refletir. Do contrário, é apenas entretenimento. No caso das músicas, são significativas quando vão além do banal “estou a fim de você” ou “quero te beijar” e outras tantas frases feitas que se repetem em boa parte das músicas que tocam nas rádios.
A arte que emociona, provoca e nos faz refletir permite-me questionar até que ponto certas coisas valem a pena. Por que insistimos naquilo que não nos faz bem? O que motiva a persistir em projetos e até mesmo relacionamentos que só causam dor, sofrimento?
Dia desses recebi a ligação de uma ouvinte e leitora que me acompanha à distância, num dos estados do Nordeste do país. Ela estava arrasada. Queria um conselho. Estou longe de ter tal autoridade, mas, por causa do que tenho apresentado pela Rede Novo Tempo, ela me ligou. Precisava falar da angústia, da dor de um relacionamento que dura quase 15 anos.
O casal tem uma filha. A garota tem 12 anos. É apaixonada pelo pai. Entretanto, esse homem trai sua mulher há muitos anos. Já tem até outro filho, fruto de um relacionamento extraconjugal. Recentemente, ele começou a namorar outra garota. Essa esposa sabe de tudo, conhece a jovem, mas não consegue dizer para ele “acabou”.
Depois de ouvi-la se lamentar, perguntei:
- Você está feliz?
A resposta era obvia.
- Não, não estou feliz, disse do outro lado da linha.
Por isso questiono: por que insistimos naquilo que não nos faz bem? A resposta não é simples. Não é simples, porque a vida não é como somar “dois mais dois”. Não existe lógica nas emoções. E, no caso dos relacionamentos, nem sempre se consegue equação perfeita que resulta em felicidade, prazer, cumplicidade.
Vejo jovens, casais de namorados, que vivem se confrontando, mas não são capazes de se desgrudar. Parece haver uma química no conflito, no sofrimento, que os une. A dor serve de combustível para alimentar a relação. Chega-se ao ponto que a pessoa tem a impressão que não consegue viver sem aquilo. Isto é meio neurótico, mas plenamente explicável pela Psicanálise.
Este apego a coisas que não dão prazer também se aplica a outras situações. Tem gente que está sendo consumido pelo trabalho, por um chefe desumano, mas não consegue ver oportunidade além daquele emprego. O sujeito vai definhando, vive estressado, em alguns casos, chega a entrar em depressão, mas não rompe com o que lhe faz mal.
Há uma saída? Sim. Mas, por mais repetitivo que pareça, passa pelo se conhecer. Identificar que existe um problema, que há um sofrimento e que este pode ter um fim quando houver disposição para enfrentá-lo. E enfrentá-lo significa se abrir para um mundo novo, desconhecido e, por isso, tão assustador.
Um comentário:
Graça e Paz!
Tenho aconpanhados eu blog e gosto muito do que leio por aqui.
O irmão teria algum e-mail para que eu pudesse me aconselhar com o irmão? Estou enfrentando um problema que já me jogou em um abismo sem fim, vivo sem esperança, sem rumo e sem solução.
Pode me ajudar deixando apenas um e-mail aqui?
Obrigado e Paz!
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