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terça-feira, junho 02, 2009
Professores: profissão de risco
A revista Isto É desta semana traz uma reportagem sobre a profissão de professor. Com base em diferentes estudos, a publicação sugere que professor é uma atividade de risco. Não é difícil entender. Não são raros os professores que já sofreram ameaças. E a lista de educadores vítimas de violência cresce a cada dia.
A reportagem ainda trouxe outros dados. Por causa dos atos de agressão e ameaças, a maioria dos professores perdeu o estímulo de dar aulas. Muitos se sentem num quadro semelhante ao de pânico quando atravessam os portões da escola ou a porta da sala de aula. Em classe, mais de 67% acredita ter perdido a autoridade. Eles não conseguem controlar a molecada. Para manter o mínimo de respeito, vários dele gastam parte do tempo gritando com os estudantes.
Outro dado: 84,2% dos educadores acreditam que seus alunos não prestam atenção na aula e nem valorizam o conteúdo apresentado.
Quadro tão devastador gera estresse. Em outros casos, depressão. O déficit de professores no Brasil é grande. Faltam educadores. Certas disciplinas, como matemática, física, química e até geografia e história, carecem de novos profissionais. Mas, se a remuneração nunca foi atrativa, o risco de agressão e o sentimento de ser ignorado em sala desmotiva potenciais candidatos a educador.
É lamentável. Quem segue em sala de aula ou é idealista ou insiste na profissão por não encontrar outra alternativa. Mas o pior é notar a passividade de nossas autoridades e o alheamento de nossa parte. Se as autoridades governamentais pouco fazem para mudar a realidade, nós também somos responsáveis pela instalação do caos na educação.
A violência que acontece nas escolas é reflexo de uma sociedade que vê na escola um local para se aprender a ler e escrever – ou para aprender uma profissão. Tem ainda uma parcela significativa da população que olha para as instituições de ensino como depósitos de crianças – um ambiente em que se deixa o filho enquanto o pai e a mãe trabalham.
Há saída para situação tão apocalíptica? Talvez sim. Passa, primeiro, pela educação dentro de casa. Filhos disciplinados são alunos respeitosos, que reconhecem a autoridade do professor. Mas para avançarmos é preciso mais. Nós, adultos, devemos nos envolver com a escola. Buscar identificar os problemas, dialogar com professores, coordenadores de ensino e diretores. Identificadas as principais deficiências, devemos cobrar das autoridades as mudanças necessárias.
Nossa tarefa não é tão simples, mas é plenamente possível. O que não podemos é apenas nos indignarmos com dados tão negativos da educação e nos mantermos passivos. Notícias tristes como essa de que nossos professores estão desmotivados por serem agredidos física ou verbalmente deveriam mexer conosco a ponto de tomarmos uma atitude – talvez a primeira delas seria procurarmos identificar quais são os problemas da escola de nossos filhos… O que não podemos aceitar é que continuemos recolhidos em nossas casas, tecendo críticas, mas nada fazendo além de ler, ouvir ou assistir o noticiário.
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