Quando saia para almoçar, uma mulher me abordou. Ela queria dizer que leu um texto meu no jornal. Tratava-se de um desses artigos que escrevo com regularidade. Geralmente publico no blog, no Hoje Notícias e falo no programa que mantenho em rede nacional na Novo Tempo.
Felizmente, essa senhora não foi a única pessoa que já me procurou para falar sobre essas reflexões. Do contrário, estaria um tanto frustrado. Afinal, são nesses textos que revelo um pouco do que sou, do que penso e do que entendo ser essencial para termos uma vida melhor.
É prazeroso saber que alguém gasta alguns minutos refletindo sobre a existência, sua relação com o mundo, com a sociedade, o cuidado com os filhos etc etc. Isto, a partir de um texto que você escreveu. Mas isso não é o mais importante. Entendo esse tipo de atividade como uma contribuição efetiva para a construção de um ser humano com ideais mais nobres. É uma maneira de falar ao coração.
O exercício do jornalismo é apaixonante. Entretanto, penso que não é apenas a abordagem de questões políticas e econômicas que torna a profissão relevante. Pelo contrário. A história revela que o tal do quarto poder influencia a vida humana, mas faz pouco pelos homens.
Veja o caso da política. Muitos de nós perdemos a fé nos políticos. E com razão. No Brasil, por exemplo, a pressão exercida pela mídia tem efeito próximo de zero sobre muitos deles. O senador e ex-presidente José Sarney é um deles. Poucas vezes na história do país alguém foi alvo de uma campanha tão forte da mídia. Mesmo assim, segue no poder. Seus aliados garantem sustentação.
Mais curioso é ouvir de Sarney que não há motivos para se preocupar. As classes C, D e E não sabem o que é a crise. A afirmação parece uma forma de mostrar forças, nos afrontar e dizer “estou pouco me ‘lixando’ com vocês, jornalistas”.
Situações como essa nos levam a pensar que somos muito mais úteis à sociedade quando nos colocamos a serviço do ser humano. Quando refletimos sobre solidão, relacionamentos, consumismo, novas tecnologias, educação, pais e filhos etc mexemos com a vida das pessoas. Conseguimos resultados.
Quer dizer que devemos abandonar de vez a crítica ao poder político? Não. Mas é preciso reconhecer que muitas vezes a insistência em determinados temas apenas causam desgastes desnecessários, inclusive emocionais. Afinal, como disse o Sarney, as classes C, D e E não conhecem a crise. Ou seja, estamos numa campanha perdida, já que eles continuarão no poder.
Como mudar isto? Investindo no ser humano. Gente que consegue dar conta de seus conflitos, começa se encontrar como ser humano e passa a ver o mundo com outros olhos. Talvez aí esteja pronto para abandonar a crítica vazia e assumir, com sensibilidade social, uma posição equilibrada, ética, moral que o faça não aceitar mais conviver com gente do “tipo político”, mas que só está lá, porque nasceu aqui, no meio de nós.
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