Uma professora foi demitida após ter um vídeo que a mostra dançando divulgado no Youtube. Uma bela atriz global foi à delegacia registrar queixa contra o ex-marido por causa do sumiço de uma máquina fotográfica. Nela estavam fotos íntimas. Dois rapazes conversam animadamente no Twitter, ignorando os demais seguidores, mas ali deixando marcas de um relacionamento homossexual.
Os três casos têm semelhanças, embora cada um deles esteja numa fase diferente. Em comum, o fato de não terem cuidado com as novas ferramentas tecnológicas.
Vamos entender… A professora mencionada tem apenas 28 anos. É jovem, bonitona, solteira. Até dias atrás dava aulas para crianças de cinco anos numa escola particular de Salvador, Bahia. Em junho passado, foi ao show de pagode da banda O Troco. Não tinha idéia que uma diversão momentânea causaria tanto sofrimento.
O hit do grupo é a música “Todo Enfiado”. Em cada apresentação, o cantor convida pessoas da platéia para fazerem, no palco, a coreografia. A dança é provocativa e, num trecho, o vocalista puxa o vestido da candidata e segura sua calcinha reforçando a frase de efeito da música. Quem sobe ao palco conhece cada movimento da dança sexual. E lá estava a professora. Só não imaginava que pudesse se transformar numa “celebridade” do Youtube (várias pessoas gravaram sua performance e colocaram o vídeo na internet).
A divulgação levou vizinhos, gente do bairro e pais de alunos a conhecerem o lado noturno da educadora. Além de ser hostilizada, obrigada a mudar de endereço, foi demitida. A escola alega que a jovem era boa funcionária, mas precisava preservá-la.
A instituição fez a coisa certa? Não sei. Ninguém tem direito de invadir a privacidade alheia. Nela, cada um faz o que desejar. Por outro lado, o que era privado tornou-se público e as crianças precisam ter no educador um modelo.
Mas, de uma coisa sei: a professora está arrependida. Não imaginava estar sendo filmada. Não faria de novo. Entretanto, agora é tarde. A dança dela está lá pra quem quiser ver. E já viram mais de 100 mil pessoas. A vida dessa jovem mudou de rumo por ter se exposto por apenas três ou quatro minutos.
E a atriz? Esta ainda não foi envergonhada publicamente. Contudo, teme experimentar o drama conhecido pela professora. Por isso, quer a máquina fotográfica de volta. A preocupação não é com o equipamento; são com as fotos sensuais que ali estão arquivadas.
Já os rapazes não pensam nisso. Talvez não se deram conta que a vida, a intimidade deles é observada por algumas dezenas de seguidores do Twitter e por quem quiser dar uma olhadela no microblog. São marcas que às vezes permitem tratamento preconceituoso ou mesmo a perda de oportunidades de trabalho. Não por causa da homossexualidade, mas pela incapacidade de se preservarem.
Na verdade, nas três situações temos um quadro típico da atualidade. As ferramentas tecnológicas são encantadoras, fascinantes e nos abrem inúmeras possibilidades. Os equipamentos digitais fotografam, filmam e tem tantas outras funções que, por um instante, pode parecer inocente se deixar expor diante das lentes.
Com os blogs, Orkut, Twitter, Facebook, Youtube etc temos ferramentas que democratizaram o processo de comunicação. Todo mundo pode produzir conteúdo. Desconhecidos se transformam em celebridades. No entanto, a diversão às vezes custa caro. É impossível dimensionar as consequências da divulgação na rede de algo íntimo, privado. Por isso, um pouco de cautela, pudor, bom-senso, racionalidade ainda é o melhor que se tem a fazer.
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