Vez ou outra a gente esbarra naqueles assuntos que parecem não render. Mas ainda se gasta tempo para encontrar uma resposta satisfatória. Identificar, por exemplo, o perfil ideal de marido é tarefa das mais difíceis. Até porque essas revistas femininas que falam de nós apresentam uma visão estereotipada do par perfeito.
Essas reportagens mostram um objeto a ser consumido (não muito diferente daquelas que nos apresentam as mulheres ideais). Não um homem concreto, para ser companheiro, pais dos filhos, para se viver por toda uma vida. Esse parceiro real tem contradições, falhas e nem sempre atende todas expectativas. Afinal, é ser humano. E ser humano é ser falho.
Homens e mulheres são assim. Quem espera o par perfeito apenas vê a vida passar. Nunca vai encontrar o príncipe encantado. Homens e mulheres de verdade têm oscilações de humor, má vontade, ficam doentes, sentem ciúmes, irritam-se, brigam, perdem a hora, batem o carro, ficam desempregados, perdem dinheiro, reprovam em concurso público, são egoístas, tímidos, falam demais… Enfim, seres humanos têm defeitos. Também estão cheio de virtudes. Basta ter disposição para identificá-las.
Entretanto, na relação homem-mulher às vezes fico observando a incapacidade de alguns deles de serem maridos. Fico imaginando se não deveriam passar por um cursinho preparatório. Confesso que tenho dó delas.
Não quero dizer que sou uma autoridade no assunto. Minha mulher, às vezes, também reclama de mim. Mas, como não há manual de marido perfeito, sinto-me no direito de dar meus pitáculos.
Observo algumas relações e vejo o quanto são exigidas nas obrigações familiares. Posso assegurar que tem alguns homens que merecem pena. São explorados por suas mulheres. No entanto, o inverso também é verdadeiro.
Tem marido incapaz de cuidar de um filho enquanto a esposa está fora. Conheço um que deixa a filha sozinha durante boa parte dos domingos enquanto ele joga futebol e faz churrasco com os amigos. A mulher trabalha, o marido vai se divertir e a criança fica em casa.
Sei de outro que nunca está com a esposa. A mulher carrega os filhos para todos os lados. Leva para a escola, busca, depois fica com as crianças na empresa durante toda a tarde. E ele? O marido dorme até perto das oito horas, vai trabalhar e prefere almoçar com a mãe dele a estar com a família. Só aparece à noite, quando os pequenos já estão dormindo.
Lembro de um marido que sempre está cansado. Nunca vi nada igual. Ele não tem tempo. O tempo dele é para o trabalho e para ficar de papo pro ar diante da TV. A mulher trabalha o dia inteiro, às vezes, no fim de semana. Mas o camarada é que está cansado. Ele chega antes dela em casa. Contudo, não pode ir ao supermercado fazer compras. Não busca uma encomenda pra ela. Ele usa o carro. Ela depende do transporte coletivo – e de favores dos amigos.
Talvez alguém diga: por que essas mulheres toleram esses homens? Não sei. Sei apenas que uma relação é feita de concessões e gentilezas. A paciência é um exercício diário. Entretanto, tem homens que parecem não ter se dado conta de suas responsabilidades. Casamento é sexo? Também. É necessário, fundamental na relação. Mas ser marido é cooperar, colaborar – inclusive nos afazeres domésticos. Quem pensa diferente não deveria se casar.
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